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BELO HORIZONTE
PFL resiste a Leite
"Órfãos" do Cabo Júlio ainda negociam apoio
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
O PL, o PFL e o PTB, os "órfãos"
do Cabo Júlio, acabaram se dividindo entre o apoio ao prefeito
Célio de Castro (PSB), que tenta a
reeleição, a "rejeição" ao tucano
João Leite (PSDB) e a opção de só
manifestar apoio a algum candidato à Prefeitura de Belo Horizonte no segundo turno.
Apanhados de surpresa pela decisão do Cabo Júlio (PL) -que
renunciou à sua candidatura a
prefeito alegando problemas financeiros e imediatamente deu
apoio a Célio de Castro, que tenta
a reeleição-, os partidos que formavam a aliança com o ex-PM tomaram rumos distintos.
O caso mais mal resolvido é o do
PFL. O partido, internamente,
trabalha contra o apoio a Leite,
embora para o público externo tenha ficado a imagem de tentativa
de acordo a partir de duas reuniões com a cúpula dos tucanos,
após as quais PSDB e PFL divulgaram nota conjunta afirmando
que ambos "mostram interesse, e
também o candidato João Leite,
em manter conversações".
Para o público interno, o presidente do PFL mineiro, Clésio Andrade, trabalha contra o apoio,
mesmo não sendo essa a vontade
da direção nacional do partido,
alinhada no plano federal com o
presidente Fernando Henrique
Cardoso, do PSDB.
A Agência Folha obteve cópia
de uma carta que Clésio Andrade
enviou a pefelistas mineiros, na
qual se posiciona claramente contra o apoio ao tucano, alegando
que o partido vem sofrendo
"constrangimentos" com as constantes críticas de Leite ao PFL.
"Como podemos apoiar tal candidatura? O PFL de Minas deve ficar submisso às maiores lideranças nacionais do PSDB, apoiando
o candidato, mesmo com esse
constrangimento público? Ou o
PFL deve seguir seu projeto de
conquistar o poder em Minas
com independência?", são indagações que Andrade faz na carta.
Por trás dessa rejeição, está o
projeto político do PFL mineiro
para 2002. O partido está decidido
a lançar candidato próprio para
chegar ao Palácio da Liberdade e
não quer fortalecer o PSDB, especialmente o ministro das Comunicações, Pimenta da Veiga, cujo
nome está cotado para disputar a
sucessão do governador Itamar
Franco (sem partido).
A direção regional do PFL entende que a vitória de João Leite
deixa o PSDB mais forte em 2002.
Mas o partido não vê muita alternativa no segundo turno, principalmente porque as pressões vindas de Brasília serão muitas.
Para o PSDB, derrotar Célio em
Belo Horizonte será derrotar também Itamar. Por enquanto, a tarefa parece dificultada pelo bom desempenho do prefeito nas pesquisas de intenção de voto. O Datafolha mostra que o candidato do
PSB teria hoje 48% dos votos válidos, contra 30% de João Leite
-como a margem de erro é de
três pontos percentuais, Célio pode até ter 51% dos válidos e vencer
ainda no primeiro turno.
Leite, que sempre contestou a
aliança de FHC com os pefelistas,
além de dizer que está mais próximo do PT, tenta minimizar a
questão, afirmando que não tem
"nada para falar contra o PFL",
que tem "o maior respeito por todos" e que tem boa convivência
com os pefelistas na oposição que
fazem juntos a Itamar na Assembléia Legislativa. Ele disse que espera ter o apoio do PFL.
O PL foi o único partido que se
posicionou majoritariamente pelo apoio a Célio, mesmo depois de
ter criticado a "precipitação" na
renúncia do Cabo Júlio.
Dos 57 membros da direção do
partido, 52 votaram pelo apoio a
Célio, quatro pelo apoio à candidata Maria Elvira (PMDB) e apenas um votou pelo apoio a Leite.
O PTB, segundo o secretário-geral do partido, Mozart Máximo
Filho, decidiu esperar o segundo
turno para se posicionar. O partido cogitou lançar candidato próprio, mas abandonou a idéia.
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