São Paulo, segunda-feira, 25 de setembro de 2000

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BELO HORIZONTE
PFL resiste a Leite
"Órfãos" do Cabo Júlio ainda negociam apoio

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O PL, o PFL e o PTB, os "órfãos" do Cabo Júlio, acabaram se dividindo entre o apoio ao prefeito Célio de Castro (PSB), que tenta a reeleição, a "rejeição" ao tucano João Leite (PSDB) e a opção de só manifestar apoio a algum candidato à Prefeitura de Belo Horizonte no segundo turno.
Apanhados de surpresa pela decisão do Cabo Júlio (PL) -que renunciou à sua candidatura a prefeito alegando problemas financeiros e imediatamente deu apoio a Célio de Castro, que tenta a reeleição-, os partidos que formavam a aliança com o ex-PM tomaram rumos distintos.
O caso mais mal resolvido é o do PFL. O partido, internamente, trabalha contra o apoio a Leite, embora para o público externo tenha ficado a imagem de tentativa de acordo a partir de duas reuniões com a cúpula dos tucanos, após as quais PSDB e PFL divulgaram nota conjunta afirmando que ambos "mostram interesse, e também o candidato João Leite, em manter conversações".
Para o público interno, o presidente do PFL mineiro, Clésio Andrade, trabalha contra o apoio, mesmo não sendo essa a vontade da direção nacional do partido, alinhada no plano federal com o presidente Fernando Henrique Cardoso, do PSDB.
A Agência Folha obteve cópia de uma carta que Clésio Andrade enviou a pefelistas mineiros, na qual se posiciona claramente contra o apoio ao tucano, alegando que o partido vem sofrendo "constrangimentos" com as constantes críticas de Leite ao PFL.
"Como podemos apoiar tal candidatura? O PFL de Minas deve ficar submisso às maiores lideranças nacionais do PSDB, apoiando o candidato, mesmo com esse constrangimento público? Ou o PFL deve seguir seu projeto de conquistar o poder em Minas com independência?", são indagações que Andrade faz na carta.
Por trás dessa rejeição, está o projeto político do PFL mineiro para 2002. O partido está decidido a lançar candidato próprio para chegar ao Palácio da Liberdade e não quer fortalecer o PSDB, especialmente o ministro das Comunicações, Pimenta da Veiga, cujo nome está cotado para disputar a sucessão do governador Itamar Franco (sem partido).
A direção regional do PFL entende que a vitória de João Leite deixa o PSDB mais forte em 2002. Mas o partido não vê muita alternativa no segundo turno, principalmente porque as pressões vindas de Brasília serão muitas.
Para o PSDB, derrotar Célio em Belo Horizonte será derrotar também Itamar. Por enquanto, a tarefa parece dificultada pelo bom desempenho do prefeito nas pesquisas de intenção de voto. O Datafolha mostra que o candidato do PSB teria hoje 48% dos votos válidos, contra 30% de João Leite -como a margem de erro é de três pontos percentuais, Célio pode até ter 51% dos válidos e vencer ainda no primeiro turno.
Leite, que sempre contestou a aliança de FHC com os pefelistas, além de dizer que está mais próximo do PT, tenta minimizar a questão, afirmando que não tem "nada para falar contra o PFL", que tem "o maior respeito por todos" e que tem boa convivência com os pefelistas na oposição que fazem juntos a Itamar na Assembléia Legislativa. Ele disse que espera ter o apoio do PFL.
O PL foi o único partido que se posicionou majoritariamente pelo apoio a Célio, mesmo depois de ter criticado a "precipitação" na renúncia do Cabo Júlio.
Dos 57 membros da direção do partido, 52 votaram pelo apoio a Célio, quatro pelo apoio à candidata Maria Elvira (PMDB) e apenas um votou pelo apoio a Leite.
O PTB, segundo o secretário-geral do partido, Mozart Máximo Filho, decidiu esperar o segundo turno para se posicionar. O partido cogitou lançar candidato próprio, mas abandonou a idéia.



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