São Paulo, segunda-feira, 25 de setembro de 2000

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Pellegrino vai mudar marketing

DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

A uma semana das eleições, o PT da Bahia resolveu mudar sua estratégia de marketing para forçar a realização do segundo turno na eleição em Salvador.
O candidato do partido, o deputado federal Nelson Pellegrino, 39, promete intensificar os ataques ao senador Antonio Carlos Magalhães (PFL), o principal cabo eleitoral de Antonio Imbassahy, candidato à reeleição.
"O senador Antonio Carlos Magalhães não tem propostas políticas. Ele é um homem de mídia, que fala e não cumpre a sua palavra", disse o candidato, na última sexta-feira à tarde, após gravar sua participação em um programa eleitoral.
Casado e com uma filha de 12 anos, Nelson Vicente Portela Pellegrino resolveu alterar a grafia do seu nome para fugir das comparações com o ex-presidente Fernando Collor de Mello.
Com 22% das intenções de voto na última pesquisa Datafolha (25% dos votos válidos), ele perdeu o mesmo pleito para o mesmo Imbassahy na eleição de 1996. Naquele ano, o pefelista 51,4% dos votos (405.661) contra 29,8% dados a Pellegrino (234.958). Não chegou a haver segundo turno.
Em 1998, porém, Pellegrino conseguiu ser eleito deputado federal com 109.628 votos.
Bem-humorado, o candidato disse que o PT vai unir as oposições num eventual segundo turno, em 29 de outubro. A seguir, leia trechos de sua entrevista.
(LUIZ FRANCISCO)

Agência Folha - O senhor tem criticado muito o prefeito Imbassahy pelo desemprego registrado em Salvador. Por que o senhor votou contra a instalação de uma fábrica da Ford na região metropolitana de Salvador?
Nelson Pellegrino -
Eu e a bancada do PT não votamos contra a instalação da Ford. O que fizemos foi apresentar emendas para garantir que a montadora fixasse metas em relação às exportações e à geração de empregos no Estado. A bancada governista não aceitou as nossas emendas.

Agência Folha - Recentemente, ACM usou no programa do PFL imagens de um debate com dirigentes do PT. O senhor acha que o PT errou ao convidar o senador para falar sobre a pobreza no Brasil?
Pellegrino -
Eu jamais convidaria ACM para um debate sobre a pobreza. O senador Antonio Carlos não tem nenhuma proposta para resolver o problema da pobreza. Ele é um homem de mídia, que não cumpre a sua palavra.
Ele está há 30 anos no poder e é responsável pelo nosso Estado ser o 20º em condições sociais, o 25º em concentração de renda e o terceiro mais pobre do país.

Agência Folha - Como o senhor analisa a administração do prefeito Antonio Imbassahy?
Pellegrino -
Eu acho que ele não atacou os principais problemas de Salvador, que são o desemprego, a saúde, a educação, o saneamento e a violência.
Pelo contrário, ele contribuiu para agravar a situação, ao demitir e não pagar a indenização para 4.741 servidores da prefeitura.
Imbassahy é um representante legítimo das elites brasileiras. Ele passou quatro anos governando para os ricos e agora, às vésperas da eleição, está fazendo alguma coisa na periferia para enganar os eleitores.

Agência Folha - O que o senhor pretende fazer como prefeito?
Pellegrino -
O oposto do prefeito Imbassahy. O meu projeto político é realizar uma administração honesta, transparente e com cidadania. Também quero implantar o orçamento participativo e acabar com um traço marcante da administração pública da Bahia, que é o autoritarismo.

Agência Folha - A união das oposições não seria o caminho mais curto para derrotar a hegemonia do carlismo na Bahia?
Pellegrino -
Alguns eleitores dos outros candidatos oposicionistas certamente não votariam em mim no primeiro turno. No segundo turno, com certeza.



RAIO X
Nome: Nelson Vicente Portela Pellegrino (PT)
Idade: 39 anos
Naturalidade: Salvador
Estado Civil: Casado, uma filha: Bianca
Formação: Advogado
Carreira: deputado estadual (91-99), deputado federal (99)




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