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SABATINA FOLHA
MARTA SUPLICY
Marta admite que sua promessa para metrô depende do Estado
Ex-prefeita afirma que decisão sobre novas estações requer "bom senso do governador"
Lalo de Almeida/Folha Imagem
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Marta Suplicy na sabatina da Folha, ontem
A CANDIDATA do PT à Prefeitura de São Paulo, Marta Suplicy, 63, admitiu ontem em
sabatina da Folha que, a
despeito de sua propaganda prometer
insistentemente metrô em pontos específicos do município, a decisão de
como, onde e quando novas estações
serão construídas dependerá do "bom
senso do governador". Sabatinada pelos jornalistas Rogério Gentile (editor
de Cotidiano), Nilson Camargo (editor responsável do jornal "Agora"),
Mônica Bergamo e Gilberto Dimenstein (colunistas da Folha), Marta repetiu a promessa do atual prefeito e candidato à reeleição, Gilberto Kassab (DEM), de não aumentar no ano
que vem a tarifa de ônibus da capital,
hoje em R$ 2,30.
DA REPORTAGEM LOCAL
EM SÃO PAULO
Na TV e no rádio, Marta promete levar o metrô a bairros como M'Boi Mirim, Vila Nova Cachoeirinha e Sapopemba, mas,
ontem, afirmou que tudo dependerá da palavra final do governador José Serra (PSDB).
METRÔ
"Quando fui prefeita [2001-2004], obtivemos recursos com
a Operação Faria Lima, uma
operação urbana, mas só poderíamos usar o dinheiro na região. Procurei o [então] governador [Geraldo] Alckmin, mas
não tinha projeto pronto para o
largo da Batata, para onde o dinheiro poderia ir, então não foi
colocado. [Local de construção
de estações] é uma questão de
bom senso. Não faço disso um
cavalo de batalha, porque quem
vai decidir é o governo do Estado. A prefeitura e a União vão
levar R$ 1 bilhão. O metrô, em
14 anos, não teve investimento
adequado com o PSDB. Desses
14 anos, 8 anos eles foram governo federal e 8 anos foram
prefeitura. E investiram pouco.
Acredito que temos agora que
agilizar. Vamos conversar com
o governador, que não vai mandar passear R$ 1 bilhão. O importante não é a questão do recurso, são os planos."
TARIFA DE ÔNIBUS
"Eu acho que é possível não
aumentar [em 2009]. E banco
mais: "Recarregar na catraca,
na catraca, na catraca" [cantando o jingle de campanha], porque essa foi uma maldade, uma
perversidade o que fizeram." A
gestão Kassab proibiu o usuário de recarregar o bilhete único na catraca dos ônibus sob
alegação de haver fraudes.
PEDÁGIO URBANO
"É o contrário do que eu penso. Acho que pedagiar o centro
vai privilegiar pessoas com
mais recurso. Acho que temos
que investir como eu investi na
minha gestão, num transporte
de qualidade, rápido, barato e
com bilhete único."
ATUAL GESTÃO
"O presidente tem sido muito republicano na distribuição
de seus recursos. Só que o atual
prefeito não utiliza os recursos.
O recurso do Samu [ambulâncias] não foi utilizado. Ficou no
banco. O recurso do Projovem,
que é um programa de qualificação, também não foi usado."
Além de repetir que os adversários copiam suas propostas,
ela criticou medidas do prefeito, Gilberto Kassab (DEM).
"Outra coisa que digo que me
deixa indignada é o bilhete
[único] ter três horas. Sabe o
que descubro? Que essas três
horas [para usar o bilhete único
pagando uma passagem] não
vale para estudante nem para
vale-transporte. É lindo, [Kassab] vai à televisão e fala que
são três horas. O povo que não é
estudante ou que não usa vale-transporte acha que é para todo
mundo. É tudo assim, a mesma
coisa eles fazem com a saúde."
Houve, no entanto, elogios
da ex-prefeita à Lei Cidade
Limpa, que retirou outdoors
das ruas, entre outras medidas.
"A cidade ficou mais bonita. Foi
um grande progresso. Foi muito difícil fazer chegar onde chegou. Qualquer flexibilização é
complicada. Mas vejo a Cidade
Limpa como uma amplitude
diferente", afirmou Marta, citando o atraso dos investimentos das concessionárias responsáveis pela coleta de lixo.
INTERNET GRÁTIS
Marta defendeu seu projeto
de dar internet grátis. "Acho
que o que estamos propondo é
concreto e de bom senso.
Quando a gente chega com alguma proposta que eles [adversários] não pensaram, eles desqualificam. O povo não é bobo,
o povo percebe isso. E o povo
tem lembrança de como era a
prefeitura quando eu peguei, o
que a gente conseguiu fazer
com tão pouco recurso. A criatividade que nós tivemos, a determinação para chegar ao bilhete único, a inovação que foi
o CEU, com toda a oposição
que o DEM e o PSDB fizeram."
EDUCAÇÃO
"A grande conquista do nosso governo na educação foi colocar quase um consenso na sociedade civil de que a educação
não é só matemática, português e geografia, também tem
que ser complementada com
acesso a esportes, lazer e cultura. O desafio da qualidade é gigantesco. Nossa proposta é
criar um centro de formação
continuada para o professor. O
que menos ajuda o professor é
ficar em várias escolas. O maior
passo que podemos dar, e é tão
revolucionário quanto o CEU,
é dar condição para o professor
ficar numa escola só."
Ao falar de creches, Marta
evitou estipular metas. "Vamos
construir nova creches, depois
aumentar os convênios, depois
fazer o ProUni das crianças,
igual Lula fez com os universitários que não podiam pagar faculdade. Vai ser o pró-criança",
disse ela sobre o projeto pelo
qual promete pagar para usar
vagas de creches particulares.
SAÚDE
Marta citou a saúde, ao lado
do trânsito, como o principal
problema da cidade. "A crise da
saúde não atinge a classe média. Quem usa serviço público
sabe que a propaganda que está
na televisão é enganosa. Quem
não usa, fala: "Puxa, que bom,
remédio em casa". Sabe quanto
remédio em casa é distribuído?
Não chega nem a 15 mil. Agora,
se eu não uso o serviço público,
eu fico impactada com isso.
[Quando assumi], a situação da
saúde não era igual à da educação. A educação era situação de
abandono. Na saúde, gente, não
pode esquecer. Eu tinha o PAS.
Esqueceram o que era o PAS?
Começamos a municipalização, a recuperação dos hospitais. Tenho muito orgulho de
dizer que São Paulo não tinha
um Programa de Saúde da Família, recebemos 200 do Estado, fizemos 600, deixamos a cidade com 800 equipes, a maior
do Brasil." Marta aproveitou
para acusar a atual gestão de
não fiscalizar as parcerias feitas
com fundações de saúde que
cuidam das AMAs de Kassab.
LULA
"Muitas propostas que o governo federal desencadeou foram iniciadas aqui. O próprio
Renda Mínima, que teve todo o
aporte de experiências já acumuladas do senador [Eduardo]
Suplicy, depois foi para o governo federal. E não é só a popularidade do presidente, é
também o que o presidente
transmite como o que ele quer
para o Brasil. Não é só em relação à questão social. O Brasil
hoje é o país dos emergentes
que mais investe em tecnologia. Há uma política desenvolvida nacionalmente para o Brasil dar um salto tecnológico. E
eu já tinha feito. Criamos os telecentros em São Paulo já pensando que a cidade tinha que
ter mais acesso à informática."
Ela aproveitou o tema para
criticar Kassab. "São Paulo não
está acompanhando esse salto
que o Brasil está dando em tecnologia. Vamos fazer um centro tecnológico de ponta em
São Paulo para ser como é o Vale do Silício, nos EUA, ou Bangalore, na Índia. A América Latina não tem. E eu já estou conversando com as organizações
internacionais. E todo mundo
apóia. Agora pergunto a você:
em quatro anos, não se percebeu na cidade que o Brasil estava caminhando nessa direção?"
Assista ao vídeo da
sabatina
www.folha.com.br/082685
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