da enviada especial

Bernard Cassen, presidente da Attac (Associação por uma Taxação das Transações Financeiras pela Ajuda aos Cidadãos), explica que a instituição nasceu para combater a liberdade total do mercado financeiro para reger o planeta. "Nós pensamos que o mercado tem um papel a cumprir, mas a economia deve estar a serviço da sociedade, e não o contrário, como acontece em muitos países da Europa e no Brasil."
Para Cassen, a atitude de Itamar Franco ao declarar a moratória em janeiro deste ano, dizer não ao FMI e assumir uma posição contra a privatização tornou-o o exemplo único de como um homem de Estado pode lutar contra a globalização financeira.
Essa é a principal razão da visita do governador à França para falar no colóquio internacional da Attac. "O governador de Minas Gerais, um importante Estado brasileiro, traz a experiência concreta de um homem que afrontou o mercado, e isso nos interessa muito na França", disse Cassen.
A Attac nasceu de um editorial do jornal "Le Monde Diplomatique", de dezembro de 1997, com o título "Desarmar o Mercado", que criticava o mercado financeiro, representado por instituições como o FMI (Fundo Monetário Internacional), o Banco Mundial e a OMC (Organização Mundial do Comércio), e propunha a criação de uma associação.
Em junho do ano seguinte, foi criada a Attac. Hoje, ela conta com a participação de 50 associações de cidadãos e sindicais, entre outras, cerca de 13.500 membros, mais de 120 comitês em todo o mundo, inclusive no Brasil (em Belo Horizonte, São Paulo, Rio e Porto Alegre) e representação na Assembléia Legislativa -122 deputados- e no Senado franceses e no Parlamento Europeu.
Para Cassen, a trajetória do presidente Fernando Henrique Cardoso à frente do governo brasileiro é desastrosa.
"Ele é um grande intelectual, conhecido na França, historicamente de esquerda, mas sua imagem se degradou, agora ele passa por marionete do FMI. E o fato dele nomear para a presidência do Banco Central Armínio Fraga é uma caricatura." (FG)


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