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JANIO DE FREITAS
Nove meses
José Serra deve ter logo mais,
afinal, o debate que tanto desejou com Luiz Inácio Lula da Silva. É uma concessão do líder das
pesquisas, não sei se a Serra ou à
sua própria imagem. Além de
não ter conveniência eleitoral no
espetáculo que nada lhe pode
acrescentar, Lula contaria com
os exemplos vitoriosos de Tancredo Neves, que se negou a debater com Paulo Maluf na eleição indireta, e de Fernando
Henrique Cardoso, que não foi
aos debates na eleição nem na
reeleição.
O que diferencia os candidatos
são as respectivas diretrizes. Dados precisos, promessas exatas e
maneiras de fazer, seja o que for,
são matéria de ministros e assessores técnicos. E, em uma campanha que toma nove meses,
quase um quarto do mandato
disputado, Lula e Serra já disseram e repetiram tudo o que tinham a dizer -considerando-se
os limites, muito mais apertados
para Serra do que para Lula, do
que as circunstâncias lhes permitem dizer.
Em condições normais, o debate só poderá reproduzir o que foi
aquele no encerramento do primeiro turno, que nada acrescentou em sentido algum, para os
candidatos e para os eleitores.
José Serra insinua ter munição
para inverter as posições atuais,
mas, nesse caso, seriam condições anormais. E nem assim precisariam esperar tanto tempo,
desde que um candidato seja capaz de praticá-las.
Já no primeiro turno ficara demonstrado o tempo excessivo
das campanhas no Brasil. Não é
só o eleitorado que tende à
exaustão: é o país mesmo, o país
todo que sofre muito com a duração tão longa da campanha
que provoca, forçosamente, inúmeros desgastes administrativos
e econômicos, públicos e privados.
As campanhas eleitorais no
Brasil são um caso único. Merecedor de uma peneira fina na reforma política que o próximo governo não tem o direito de relegar, como fez o atual por conveniências nada dignificantes.
Zebra
Início de frase de Arthur Virgílio Netto: "Se der zebra e o Serra
perder", e se seguiu uma qualquer infantilidade, como é próprio do autor.
Zebra mesmo deu no Amazonas, onde Arthur Virgílio Netto
elegeu-se senador. Estará ocupando o lugar do senador Bernardo Cabral, que não se reelegeu, provavelmente por conta da
ironia a que as eleições são afeitas, nos países de povo desinformado. Bernardo Cabral esteve
fazendo, nos últimos anos, importante papel na Comissão de
Constituição e Justiça do Senado, onde aplicou dedicação no
estudo de matérias e rigor na
produção de pareceres contra
várias impropriedades espertas e
privilégios mais que isso.
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