São Paulo, quarta-feira, 25 de outubro de 2006

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Operante

Embora tenha se desfiliado do PT na esteira do escândalo da tentativa de compra do dossiê contra tucanos, o "homem da mala" Hamilton Lacerda continua a trabalhar na campanha de Lula em São Caetano do Sul, município do ABC paulista que é base do ex-braço direito do senador Aloizio Mercadante.
A reportagem da Folha encontrou, em frente à GH Lacerda Negócios Imobiliários, pertencente à família de Hamilton, o motorista de um carro de som da campanha reeleitoral recebendo instruções de um funcionário da empresa. O presidente do PT em São Caetano, Ricardo Reis, disse não saber de nada. "Vou verificar o que houve."

Ocupado. Deputados da CPI dos Sanguessugas passaram o dia de ontem tentando falar com o juiz federal Jefferson Schneider para questioná-lo sobre o fato de não ter mandado documentos cujo compartilhamento havia deferido. Não tiveram sucesso.

Repeteco. Dos documentos encaminhados à CPI constam depoimentos dos Vedoin que estavam arquivados havia semanas na comissão.

Opção. Entre Aldo Rebelo (PC do B-SP) e Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), os tucanos, hoje, preferem o segundo na presidência da Câmara.

Híbrido. Peemedebistas que esquadrinham o novo mapa do poder em caso de vitória de Lula dizem que, no setor elétrico, ainda há muitos petistas em postos-chave. "Não dá para ficar com um monstro que tem a cabeça do Sarney e o corpo da Dilma", explica um parlamentar.

Plataforma 1. Ontem, na primeira reunião do Fórum Nacional da Indústria depois do retorno do deputado reeleito Armando Monteiro Neto (PTB-PE) à presidência da CNI, foi deliberado que a entidade manterá um "diálogo de resultados" com o novo governo, seja ele qual for.

Plataforma 2. Da reunião saíram o diagnóstico de que "não é mais possível" conviver com baixo crescimento e a decisão de cobrar medidas que desonerem a produção e estimulem desenvolvimento.

Bis. A diferença entre Lula e Alckmin captada pelo Datafolha -61% a 39% nos votos válidos- é exatamente a mesma que separou o petista de José Serra no resultado do segundo turno quatro anos atrás.

Wally. Em tom de piada, a cúpula do PFL diz que fundará uma agência de detetives para procurar os "desaparecidos" da campanha de Alckmin no segundo turno. O governador eleito do DF, José Roberto Arruda, encabeça a lista.

Forra. Eduardo Campos (PSB) tem dito a aliados que, se for eleito em Pernambuco com vantagem de 1,2 milhão de votos sobre Mendonça Filho (PFL), terá vingado a derrota que Miguel Arraes (1916-2005), seu avô, sofreu de Jarbas Vasconcelos (PMDB) na sucessão estadual de 1998.

Figurino. A cúpula do PSB não entendeu o recente encontro de Luiza Erundina com Clodovil (PTC). O partido não tem interesse em dar abrigo ao deputado eleito, que anda à procura de nova sigla.

Nunca ouvi. Causou estranheza no alto escalão da PF o projeto de lei apresentado por Valmir Amaral (PTB-DF) ampliando os poderes da corporação. Ninguém do departamento ou das entidades de classe foi consultado ou sequer teve acesso ao texto final defendido pelo senador.

Cult. Pelo menos dois senadores -Serys Shlessarenko (PT-MT) e o recém-eleito Francisco Dornelles (PP-RJ)- já visitaram o gabinete de Saturnino Braga (PT-RJ), um dos mais cobiçados da Casa por ter pertencido a Darcy Ribeiro e conter desenhos feitos por Oscar Niemeyer nas paredes para o amigo.

Tiroteio

"O problema não é trabalhar sábados e domingos na CPI, e sim passar de quarta a domingo sob o sol de Ipanema."
Do deputado CARLOS SAMPAIO (PSDB-SP), sub-relator da CPI dos Sanguessugas, criticando o suposto desinteresse em avançar nas investigações do presidente da comissão, Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), que acusou os colegas de atuarem como "assessores" de Geraldo Alckmin.

Contraponto

Validade limitada

Ao final do debate entre Lula e Alckmin na Rede Record, o senador Heráclito Fortes (PFL-PI) foi cumprimentar o deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), seu ex-colega de CPI dos Correios. Ao ver a cena, Rodrigo Maia (PFL-RJ) gritou, do lado oposicionista do auditório:
-Ô, Zé Eduardo! O que é que você está fazendo aí? Logo você, que foi tão rejeitado pelo governo!
Heráclito mirou o petista, integrado à coordenação da campanha de Lula só após a crise do dossiê, e emendou:
-É que ele foi reabilitado. Mas tome cuidado, Zé. No PT você é como um cartão telefônico. Vão te usar até o dia 29, e depois as unidades acabam.


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