|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELEIÇÕES 2006 / MARANHÃO
Lula pede votos para a "querida companheira" Roseana, do PFL
Em comício, presidente afirma que, "na hora do pega-pra-capar", a família Sarney ficou do seu lado
Petista diz que clã o ajudou quando a elite conservadora e raivosa e tentou afastá-lo da Presidência: "Essas coisas a gente não se esquece"
EDUARDO SCOLESE
ENVIADO A TIMON (MA) E A TERESINA (PI)
Em comício ontem no Maranhão, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva pediu "por favor"
aos maranhenses para que votem em Roseana Sarney (PFL)
para o governo do Estado.
Num palanque dividido com
a candidata do PFL, Lula justificou seu pedido dizendo que
ela esteve ao seu lado na hora
do "pega-pra-capar", numa referência à crise do mensalão do
ano passado: "A gente sabe o
que aconteceu neste país. A
gente sabe o que uma pequena
elite conservadora e raivosa
tentou fazer comigo", disse.
"Getúlio Vargas foi levado à
morte, Juscelino Kubitschek
quase foi escorraçado, João
Goulart foi banido. Pois bem,
eles [a elite] começaram a fazer
o mesmo comigo. Não fizeram
porque eu tive gente, que eu
nem tinha muita amizade, mas
que na hora do pega-pra-capar
estava do meu lado, que é a nossa querida senadora Roseana
Sarney, além da lealdade do senador [José] Sarney, com a experiência dele de presidente.
Essas coisas a gente não se esquece", disse o petista, que se
referiu à pefelista como "querida companheira Roseana".
Lula esteve ontem em Timon
(429 km de São Luís) para pedir
votos a Roseana como uma forma de retribuir o apoio que tem
recebido do senador e pai da
pefelista, o peemedebista José
Sarney, desde o início de seu
governo. A presença de Lula no
mesmo palanque de Roseana
irritou o PT maranhense, que
apóia Jackson Lago (PDT). Já o
PFL, da coligação de Geraldo
Alckmin (PSDB), ameaça expulsar Roseana do partido por
conta de seu apoio ao petista.
O presidente discursou de
improviso por 20 minutos,
diante dos cerca de 5.000 presentes que tremulavam bandeiras do PT e do PFL e revezavam gritos a Lula e a Roseana,
formando um cenário inusitado na política regional. O PT
maranhense, que boicotou o
evento de Timon, é adversário
da oligarquia Sarney.
Ontem, no início do comício,
Lula mostrou-se constrangido
por estar ao lado da candidata
pefelista. De forma tímida, ergueu os braços com ela algumas
vezes. Mas deu o recado que
Sarney queria ouvir: "Quem votar em mim, por favor, por favor, vote na Roseana Sarney
para governadora do Estado".
Ciente da estranheza de dividir palanque com o PFL, Lula
passou alguns minutos de sua
fala apontando os motivos que
o levaram a apoiar Roseana:
"Eu vim aqui pra cumprir com
um dever de lealdade. Em política a gente tem que ter lealdade com quem é leal conosco. E
essa mulher foi leal comigo
desde a campanha de 2002",
disse: "A gente conhece quem é
amigo quando a gente está na
desgraça. A gente conhece
quem é amigo quando a gente
está doente. Quando é tempo
de festa, todo mundo é amigo."
Em seguida, Lula atravessou
a ponte que separa o Maranhão
do Piauí para um rápido discurso em Teresina. Diante de
3.000 pessoas, viu José Sarney
ser vaiado e voltou a insinuar os
projetos privatistas dos tucanos. "Acabou a era das privatizações, acabou. O Estado brasileiro agora vai cuidar das suas
empresas com carinho". Os
presentes cantaram "Parabéns
pra Você" a Lula ao ouvir dele
que, no dia em que completar
61 anos, na sexta, estará "pelejando" com Geraldo Alckmin
na TV Globo: "O presente eu
quero no domingo de manhã".
Texto Anterior: Marcos Nobre: Dura de matar Próximo Texto: Governador enviou cartas anti-Sarney antes do comício Índice
|