São Paulo, quarta-feira, 25 de novembro de 2009

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Prisões na Bahia geram tensão entre partidos

MATHEUS MAGENTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

A Polícia Civil da Bahia prendeu ontem um ex-integrante do alto escalão do governo Jaques Wagner (PT) sob suspeita de fraude em licitações do transporte público. Ele havia sido indicado ao cargo pelo PMDB baiano, comandado pelo ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional). Outras seis pessoas foram presas.
Ex-diretor-executivo da Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia, Antônio Lomanto Netto foi preso sob suspeita de cobrar propina de empresários para liberar linhas intermunicipais de ônibus.
Vinculada à Secretaria de Infraestrutura do Estado, a Agerba é responsável pela regulação, concessão e fiscalização dos terminais e do transporte rodoviário e hidroviário de passageiros e da distribuição e comercialização de gás canalizado e energia elétrica.
Netto, que é tio do deputado Leur Lomanto Júnior, líder do PMDB na Assembleia Legislativa, deixou o cargo em agosto deste ano, depois que o partido rompeu com Wagner para lançar a pré-candidatura de Geddel ao governo do Estado.
Possíveis adversários nas eleições de 2010, Wagner e Geddel protagonizam uma briga política que pode atrapalhar a costura da aliança entre PT e PMDB em torno da ministra Dilma Rousseff. Em visita a Salvador na semana passada, o presidente Lula disse que a disputa no Estado é "triste".
A operação gerou boatos que sugeriram "motivações políticas" nas detenções. Geddel não descartou a hipótese, mas disse aguardar os desdobramentos do caso antes comentar a detenção: "Seria uma coisa tão mesquinha pensar em perseguição política que eu prefiro achar que não houve isso".
Wagner, que estava em Brasília, negou a uma rádio baiana que a detenção tenha sido política: "Sei que já tem gente tentando politizar essa questão. Mas não adianta, que não passa por mim. Eu separo as coisas, não é nada contra uma agremiação nem outra", disse. Segundo a Secretaria da Segurança Pública, os mandados de prisão foram expedidos pela Justiça a pedido da Polícia Civil após sete meses de investigação.
Assessores do governo disseram que a detenção do empresário Paulo Carletto, também pedida pela polícia à Justiça na operação, nega a possibilidade de perseguição. Ele é irmão do deputado estadual Ronaldo Carletto (PP), integrante de um partido que se aliou recentemente ao governo Wagner.
A reportagem não conseguiu localizar os advogados dos suspeitos para comentar a prisão.


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