São Paulo, Sábado, 25 de Dezembro de 1999


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MUNICÍPIOS

Prefeitos de 18 cidades de oposição reclamam da falta de repasses por parte do governo estadual

ONGs ajudam prefeituras anti-ACM


CHRISTIANNE GONZÁLEZ
da Agência Folha, em Irecê
e Pintadas (BA)


Os 18 prefeitos que fazem oposição ao senador Antonio Carlos Magalhães na Bahia (PFL) precisam se virar para sobreviver. Para tocar a administração sem apoio do governo do Estado, recorrem à ajuda da Igreja Universal do Reino de Deus, de empresas privadas e de organizações não-governamentais estrangeiras.
Recusando-se a engrossar o cordão dos 397 prefeitos baianos que se elegeram sob legendas governistas ou que aderiram ao carlismo após o pleito de 1996, os prefeitos anti-ACM pouco ou nada recebem do Estado em repasses de verbas e obras públicas.
"Os últimos anos têm sido de perseguição e retaliação por parte do governo estadual, mas, com o apoio da população, criatividade e as bênçãos divinas, estamos conseguindo governar com sucesso", disse o prefeito de Irecê, Beto Lélis (PSB), 43.
É justamente em Irecê (474 km a oeste de Salvador), maior município da região do semi-árido baiano, que a Igreja Universal do Reino de Deus constrói um centro difusor de tecnologia para dar apoio a pequenos agricultores.
Segundo Lélis, no último período de estiagem, em 1998, foram a Universal e o governo do Distrito Federal que socorreram a população carente com o envio de 260 toneladas de cestas básicas.
"A Prefeitura de Irecê não recebeu do governo do Estado nenhuma cesta básica ou outro tipo de ajuda para auxiliar os flagelados da seca", disse.
Além de Irecê, as prefeituras de oposição são as de Almadina, Boa Vista do Tupim, Bom Jesus da Lapa, Canudos, Coaraci, Correntina, Curaçá, Gentio do Ouro, Itamaraju, Itiruçu, Jaborandi, Jussari, Pintadas, Santa Rita de Cássia, São Sebastião do Passé, Uauá e Vitória da Conquista.
Todas recorrem ao governo federal, a empresas privadas e a ONGs (organizações não-governamentais) para atender às suas necessidades.
Em Pintadas, município 255 km a noroeste de Salvador administrado pelo PT, a prefeita Neuza Cadore tem conseguido ajuda por meio de convênios com ONGs de fora do país e com a Prefeitura de Castel Novo Monti (cidade no Norte da Itália). "Já recebi R$ 160 mil da Prefeitura de Castel Novo Monti e de entidades italianas e belgas", disse.
Com cerca de 10 mil habitantes, Pintadas tem 43% de sua população em estado de indigência e 70% moram na zona rural.
Os que não se alinham com ACM afirmam que foi por "pressão" que os outros 72 prefeitos eleitos em 1996 sob legendas de oposição aderiram ao carlismo nos últimos dois anos.



Outro lado
Segundo o presidente da Assembléia Legislativa, Antonio Honorato (PTB), nenhum representante carlista jamais retaliou a oposição ou ofereceu impunidade em troca de apoio político.
"Isso é uma maldade. Os prefeitos de oposição aderem ao governo porque a Bahia é um Estado que tem suas contas equilibradas, uma política séria de desenvolvimento e um líder nacional (ACM) de grande expressão e respeitabilidade", disse.


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