São Paulo, Sábado, 25 de Dezembro de 1999


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PERSONALIDADE

Último militar a ocupar a Presidência da República (1979-85), ele sofria de insuficiência renal e cardíaca

Presidente Figueiredo morre aos 81


Jorge Araújo- 12.set.96/Folha Imagem
Figueiredo, 1996, durante o velório do presidente Ernesto Geisel


da Sucursal do Rio

Morreu ontem às 9h35 o presidente João Baptista de Oliveira Figueiredo, 81, em seu apartamento no condomínio Praia Guinle, em São Conrado, na zonal sul do Rio. Ele sofria de insuficiência renal e cardíaca.
O enterro deve ser realizado hoje, às 11h, no cemitério do Caju (zona norte). O velório, por decisão de sua mulher, Dulce Figueiredo, deveria ser realizado no próprio apartamento, com a presença unicamente de familiares e amigos próximos da família.
O general Figueiredo foi presidente de 1979 a 1985. Desde 1995, fazia diálise, já que seus rins não conseguiam mais filtrar o sangue. Naquele ano, ele foi operado para que fosse eliminado um aneurisma (dilatação) da artéria aorta.
No último dia 30 de novembro, foi internado no hospital São José, em Botafogo, onde permaneceu por uma semana. Na ocasião, seu médico, Aloysio Salles, considerava a insuficiência renal de Figueiredo como "insolúvel".
O presidente Fernando Henrique Cardoso designou o comandante do Exército, general Gleuber Vieira, para representá-lo no velório e no enterro de Figueiredo. FHC está no Rio, onde passa o período de Natal e de final de ano.
O presidente lamentou a morte. "No seu governo, com a aprovação do projeto da anistia, foi possível a volta de exilados brasileiros. Houve reconciliação e espaço para que a sociedade iniciasse a reconstrução democrática", diz nota divulgada pelo Planalto.
Nota do Exército afirma que Figueiredo "agiu sempre com tenacidade, buscando atingir todos os objetivos a que se propôs. A história, por certo, lhe prestará a mais justa homenagem".

Saúde
Além dos problemas com os rins, Figueiredo sofria de hérnia de disco, incontinência urinária e tinha a visão reduzida em 70% da capacidade. Há dois anos, procurando solução para as dores na coluna causadas pela hérnia, Figueiredo chegou a se submeter a "operações espirituais" promovidas pelo médium Rubem de Farias Júnior, que dizia incorporar o espírito do "doutor Fritz".
"Ele morreu com muitos segredos", disse Antonio Oliveira Santos, presidente da Confederação Nacional do Comércio, um dos primeiros amigos a chegar ontem ao apartamento de Figueiredo.
A pedido dos amigos, Figueiredo havia iniciado gravação de um depoimento sobre seu período de governo e de sua gestão no SNI (Serviço Nacional de Informações), a partir de 1974, quanto então assumia a Presidência da República o general Ernesto Geisel.
Segundo Santos, Figueiredo se cansou com os depoimentos e decidiu destruir as fitas que já havia gravado. Santos foi o organizador do último evento público ao qual Figueiredo compareceu, há quatro meses, quando o ex-presidente foi homenageado com um almoço numa churrascaria do Rio.
Segundo Santos, na ocasião Figueiredo estava bem, apesar de ter que se deslocar amparado por dois seguranças. Mas nas últimas semanas, segundo Santos, ele já não reconhecia as pessoas.
Figueiredo nasceu em 15 de janeiro de 1918, no Rio de Janeiro. Era filho do general Euclides de Oliveira Figueiredo, um dos líderes da Revolução de 1932, contra o governo de Getúlio Vargas. Guilherme Figueiredo, um dos seus irmãos, foi escritor, sendo autor, entre outros, dos livros "Trinta Anos Sem Paisagem" e "Tratado Geral dos Chatos".


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