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BOLSA-FAMÍLIA
Essa é a justificativa de 6.800 crianças atendidas por programa que não cumpriram meta de comparecer a 85% das aulas
Bolsa atrai, mas violência tira criança de aula
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Cerca de 6.800 crianças atendidas pelo programa Bolsa-Família
dizem ter faltado às aulas além do
permitido na legislação. O motivo
alegado seria o da violência urbana e suas conseqüências, como escolas fechadas durante a semana
devido à falta de segurança. Outras 815 apresentaram como justificativa às faltas terem engravidado precocemente.
Elas fazem parte do grupo de
298.180 crianças cujas famílias recebem recursos do governo federal, mas não cumpriram a freqüência mínima de 85% às aulas,
entre agosto e setembro de 2005.
Esses dados fazem parte do último boletim de acompanhamento
da freqüência, divulgado ontem
pelo Ministério da Educação.
De acordo com os números
apresentados, do total de crianças
atendidas pelo Bolsa-Família, que
chega a 13,363 milhões, 77,5%
têm a freqüência monitorada.
Eram 51% entre outubro e novembro de 2004, o primeiro balanço divulgado pelo governo Lula após ter sido duramente criticado devido à falta de acompanhamento das contrapartidas.
Naquele ano, o governo federal
modificou o sistema, que agora
permite, além de checar se a
criança está indo à escola ou não,
saber os motivos das faltas. Com
isso, os governos têm dados para
evitar a evasão dos estudantes.
O Bolsa-Família, criado em outubro de 2003, unificou os programas de transferência de renda do
governo federal. Os beneficiados
recebem mensalmente entre
R$ 15 e R$ 95, dependendo do número de filhos e da renda por pessoa. Em contrapartida, devem
manter as crianças na escola e fazer acompanhamento de saúde.
Conseqüências
Do grupo de faltosos, a maior
parte não justifica os motivos de
deixar de cumprir a freqüência escolar de 85%. Apesar disso, esses
alunos ainda não devem ser desligados do Bolsa-Família.
O Ministério do Desenvolvimento Social está na fase de advertência às famílias. Caso haja
reincidência, pode haver bloqueio
do pagamento e depois suspensão
do benefício.
Segundo a secretária de Renda
de Cidadania do ministério, Rosani Cunha, "o que importa não é
punir a família, mas ter informações para saber os motivos da falta e acompanhá-la de perto".
"Se queremos reduzir a pobreza
entre gerações, precisamos ter estratégias mais completas possíveis", afirmou, lembrando que as
justificativas para as faltas podem
ajudar nesse processo.
A secretária disse que, no ano
passado, foram encaminhadas
advertências a 24 mil famílias que
deixaram de cumprir as condicionalidades. Além da freqüência escolar, acompanhada pelo Ministério da Educação, as famílias tem
de manter a saúde em dia, inclusive com a carteira de vacinação das
crianças atualizada.
O resultado desse acompanhamento será divulgado nas próximas semanas.
Do total de municípios brasileiros, apenas 15 não informaram a
freqüência das crianças. Entre eles
dois são do Estado de São Paulo,
três de Minas Gerais, um de Mato
Grosso e o restante das regiões
Norte e Nordeste do país.
Essas prefeituras não poderão
buscar novos projetos de transferência voluntária de recursos no
Ministério da Educação enquanto
não regularizarem a situação.
O balanço aponta ainda uma redução no número de crianças
atendidas pelo Bolsa-Família em
relação ao relatório anterior
-cerca de 30 mil a menos.
De acordo com a secretária, isso
se deve ao controle de gestão, que
bloqueia os pagamentos em duplicidade, por exemplo.
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