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Carlistas devem manter ataques
FELIPE PATURY E
SANDRA BRASIL
ENVIADOS ESPECIAIS A SALVADOR
A crise entre o governo federal e
o PFL baiano deve aumentar. Na
Bahia, os aliados do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA)
prometem manter o governo sob
ataque nos próximos dois meses.
Ao mesmo tempo, acham que o
presidente Fernando Henrique
Cardoso deve demitir nos próximos dias os carlistas que ainda
ocupam postos importantes.
A avaliação é que os presidentes
da Eletrobrás, Firmino Sampaio,
e do INSS (Instituto Nacional de
Seguridade Social), Crésio Rolim,
têm os dias contados no governo.
O grupo carlista só não entregará
os cargos porque quer transferir a
FHC o desgaste das demissões.
"Não vejo porque quem tem
cargo técnico deve pedir para
sair", diz o ex-ministro Waldeck
Ornélas (PFL-BA). Ele foi demitido da Previdência na sexta-feira
juntamente com Rodolpho Tourinho (Minas e Energia), depois
que as denúncias que ACM fez ao
Ministério Público sobre o governo se tornaram públicas.
Ornélas orientou todos os seus
assessores a permanecerem nos
cargos. "Quem tinha cargo político era eu", afirma. "Crésio já estava lá quando eu cheguei e Firmino
é um excelente técnico."
Firmino Sampaio tem-se movimentado para ficar no cargo. No
último dia 23, quando FHC demitiu Tourinho e Ornélas, Sampaio
começou a procurar orientação
sobre como deveria proceder.
Primeiro, falou com Tourinho,
seu chefe, que lhe disse não acreditar que havia condições para
permanecer no cargo. Depois, telefonou para o presidente de Itaipu, Euclides Scalco, tucano histórico e amigo de FHC. Perguntou o
que deveria fazer e se seria demitido. Scalco o acalmou. Disse que
seu cargo era técnico e, portanto,
poderia permanecer.
Ainda na sexta, ligou para o ministro da Casa Civil, Pedro Parente, para conversar sobre o assunto. Recebeu dele um recado duro.
Interlocutor freqüente dos carlistas, Parente disse-lhe que acreditava que ele tinha poucas chances
de continuar na função.
Mais demissões
Segundo César Borges, os carlistas querem que os ministros dos
Transportes, Eliseu Padilha (deputado federal pelo PMDB gaúcho), e do Trabalho, Francisco
Dornelles (deputado pelo PPB
fluminense), sejam demitidos para compensar a perda dos dois
ministros do PFL.
A luta pela demissão dos ministros foi uma promessa feita pelo
senador Jorge Bornhausen (PFL-SC) a ACM.
Antes da demissão de Tourinho
e Ornélas, Bornhausen disse ao
baiano que brigaria pelo afastamento de Padilha e Dornelles. Era
uma forma de compensar o partido pela perda das presidências do
Senado e da Câmara.
"Vou me insubordinar contra o
governo federal quando houver
retaliação ao meu Estado e já está
havendo", afirmou o governador.
"A Bahia tem 5 mil quilômetros
de estradas federais e nem 10%
disso estão em boas condições."
Borges já havia se queixado por
carta a FHC do tratamento que
Padilha dispensa à Bahia.
O ataque deve continuar sobre
essas duas áreas, nas quais os carlistas acreditam que possa haver
focos de corrupção. "Já ouvi que
tem problemas lá", afirmou César
Borges. O governador ressalta, no
entanto, que a oposição dos carlistas ao governo não será sistemática, mas pontual.
Ornélas, que reassume o mandato de senador na próxima quinta-feira, ainda analisa o conteúdo
do discurso que deverá fazer na
volta ao Senado. O ex-ministro só
pretende falar, porém, na próxima semana.
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