São Paulo, segunda-feira, 26 de fevereiro de 2001

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PARANÁ

Luís Antônio Paolicchi, preso, é principal acusado em processo que já descobriu desfalque de R$ 74 milhões em Maringá

Desvio financiou eleição, diz ex-secretário

RONALDO SOARES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

Dinheiro desviado da Prefeitura de Maringá (norte do Paraná) ajudou a financiar campanhas de vários políticos do Estado, inclusive a da reeleição do governador Jaime Lerner (PFL) em 1998, afirma o ex-secretário de Fazenda de Maringá Luís Antônio Paolicchi.
O ex-secretário está preso e é o principal acusado em um processo que até agora já descobriu um desvio de cerca de R$ 74 milhões dos cofres públicos.
A assessoria do governador negou as acusações, assim como outros citados por Paolicchi (leia texto nesta página).
Em depoimento na sexta-feira ao juiz Anderson Furlan Freire da Silva, da Vara Federal Criminal de Maringá, Paolicchi afirmou que parte do dinheiro desviado foi usado para pagar ""por fora" despesas da campanha de Lerner -gastos com gráficas, estamparias, malharias e cabos eleitorais.
No depoimento, o ex-secretário disse que o governador não tinha conhecimento sobre a origem do dinheiro, que segundo ele era repassado ao coordenador da campanha de Lerner no norte do Paraná, João Carvalho Pinto, a mando do ex-prefeito de Maringá Jairo Gianoto (sem partido).
O ex-secretário não especificou o montante que teria sido desviado para gastos eleitorais.
Além de Lerner, a campanha do senador Álvaro Dias (PSDB) ao Senado também teria sido beneficiada, segundo Paolicchi.
O ex-secretário afirmou que viagens do senador pelo norte do Paraná foram feitas em um jatinho fretado por Gianoto e pago com dinheiro público.
Segundo ele, o fretamento teria sido pago ao doleiro Alberto Youssef, dono do jatinho, e custou cerca de R$ 200 mil.
Paolicchi incluiu também o atual procurador-geral do Estado, Joel Coimbra, na lista de acusados. Segundo ele, a campanha de Coimbra à Prefeitura de Maringá teria sido parcialmente financiada com recursos provenientes do Serviço de Obras e Pavimentação na gestão do antecessor de Gianoto, Said Ferreira (sem partido).
Ao todo, Paolicchi citou 19 pessoas como supostas beneficiárias do esquema de corrupção. Durante o depoimento, que durou mais de quatro horas, ele disse que agia como funcionário subordinado e que apenas cumpria ordens de Gianoto e Ferreira.
A Agência Folha não conseguiu localizar ontem os dois ex-prefeitos para comentar o assunto.
Entre os acusados por Paolicchi, que responde a processo sob acusação de improbidade administrativa, lavagem de dinheiro, sonegação e formação de quadrilha, estão também seis parlamentares cujas campanhas teriam recebido dinheiro desviado de Maringá.
São eles os deputados estaduais José Borba (PMDB), Ricardo Barros (PFL), Ricardo Maia (PPS) e Serafina Carrilho (PL) e os vereadores Walter Guerles (PSDB) e Mário Hossokawa (PSDB). A relação dos citados pelo ex-secretário inclui ainda o ex-deputado federal Waldomiro Meger (PFL) e o ex-vereador Ulisses Maia (PPS).
Levantamento feito pelo Tribunal de Contas do Paraná apurou que somente na gestão de Gianoto houve um rombo de R$ 54 milhões -valores corrigidos- nas contas públicas.
Se for levada em conta a administração de Ferreira, o rombo chega a R$ 74 milhões, segundo o órgão, que após o Carnaval iniciará levantamento nas contas durante a gestão do prefeito anterior, Ricardo Barros.


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