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ELEIÇÕES-2002
Direção rejeita consulta sobre PL; Dirceu critica "hipocrisia" dos insatisfeitos
PT vive dia de racha e teme pelo apoio interno a Lula
FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL
O racha interno no PT provocado pela negociação eleitoral com
o PL já causa temor dentro do
partido de que haja prejuízo para
a quarta campanha presidencial
de Luiz Inácio Lula da Silva.
A fissura interna ficou evidenciada ontem, durante reunião da
Executiva Nacional petista. Houve confronto aberto entre as alas
radicais do partido e a direção,
controlada pelos moderados.
"Estou preocupado. Temos
muito tempo para acertar tudo,
mas me preocupo em que não entremos na campanha unidos como deveríamos estar", disse o deputado José Genoino, pré-candidato ao governo de São Paulo.
O coro dos descontentes com a
aliança ampliou-se ontem, com a
entrada do senador Eduardo Suplicy, pré-candidato a presidente.
"As contradições internas neste
processo de aproximação fragilizam nosso partido. Estaremos
mais fortes para disputar o primeiro turno sem coligar", declarou o senador, em referência à entrevista de ontem na Folha com o
senador José Alencar (PL-MG),
cotado para ser vice de Lula [ver
texto abaixo".
Confrontada com uma reação
interna maior do que a esperada,
a direção petista está na defensiva
-e pisando em ovos para não
prejudicar o projeto presidencial.
Reservadamente, integrantes da
cúpula admitem que hoje seria difícil aprovar a aliança com o PL,
apesar da maioria que têm no
partido, próxima de 70%.
A tensão interna é grande
-não restrita aos "radicais"-, o
tom das declarações está alto e as
diferenças entre os partidos nos
Estados inviabilizariam o projeto
nacional. Uma medida de força
neste momento causaria uma
ruptura difícil de reverter.
Um contra-exemplo citado ontem é o de 1998, no Rio. Na ocasião, o PT nacional impôs à seção
fluminense a aliança com Anthony Garotinho. O trauma até
hoje não foi superado.
Por isso, a direção petista prefere deixar para o mês de maio as
negociações finais para fechar a
aliança. Até lá, a cúpula pretende
desfazer alguns nós estaduais e
tentar persuadir a "esquerda" da
necessidade da aliança -ou pelo
menos a baixar o tom das críticas.
A ameaça feita por Lula de não
concorrer sem alianças será usada
como instrumento de pressão.
Na reunião da Executiva, foi
derrotada uma proposta da ala
"radical" do PT de fazer um plebiscito com os filiados em 17 de
março sobre a aliança com o PL.
O argumento usado foi de que a
Executiva não é a instância adequada para discutir o tema -mas
sim o diretório nacional.
A ausência de discussão irritou
integrantes da "esquerda" partidária, caso da senadora Heloisa
Helena (AL). "Estão querendo esconder o lixo debaixo do tapete. É
uma aberração que o debate eleitoral esteja impedido de ser feito."
Em resposta a Heloísa Helena, o
presidente nacional do PT, José
Dirceu, disse "quem for contra terá ampla oportunidade de expressar seus pontos de vista". Mas declarou que considera uma "tremenda hipocrisia" dos radicais
rejeitarem o PL. "Tivemos 250
alianças com o PL em 2000. Eles
são contra aliança, mas no governo compõem com todo mundo."
Ontem, Lula divulgou artigo em
defesa da aliança. "O PT ou qualquer outro partido, da oposição
ou da situação, praticamente não
tem chances de vencer sozinho as
eleições presidenciais", diz.
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