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Amazônia Legal terá vigilância permanente
Polícias Federal e Militar, Força Nacional de Segurança e Ibama põem 800 homens para combater desmatamento na região
Em 36 municípios, Operação Arco Verde deve durar pelo menos um ano, segundo o diretor-geral da PF; clima é de tensão em cidade do Pará
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM TAILÂNDIA (PA)
ANDREA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Forças federais iniciaram ontem uma operação de combate
ao desmatamento e ao comércio clandestino de madeira na
Amazônia Legal. A ação, que se
estenderá por tempo indeterminado, atingirá os 36 municípios da região que mais devastaram florestas no segundo semestre do ano passado.
Palco de um confronto ocorrido há sete dias envolvendo
policiais e moradores contrários à fiscalização das madeireiras, Tailândia (a 218 km de Belém) foi a cidade escolhida para
o início da operação, batizada
de Arco de Fogo.
O diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa,
disse que policiais vão atuar
permanentemente na região.
Cerca de 800 homens - da Polícia Militar, da Força Nacional
de Segurança Pública e da Polícia Federal- devem se estabelecer na Amazônia Legal por
pelo menos um ano.
"Já vínhamos fazendo operações de combate naquela região. Estamos trocando o caráter episódico pela permanência porque se mostrou que o perfil
do crime é permanente, que se
retoma a cada vez que o Estado
sai", disse Corrêa ontem pela
manhã, em Brasília.
O foco será a fiscalização intensa nas serralherias. Segundo
o diretor-geral, a presença do
Estado na região terá como
efeito também prevenir os crimes decorrentes da exploração
ilegal da floresta, a começar da
corrupção de servidores.
Em Tailândia, o trabalho envolve 300 homens. Três helicópteros e cerca de 50 veículos
serão usados pelas tropas. Pelo
menos quatro quintos da madeira encontrada pela PF no
entorno de Tailândia ontem
são ilegais. Cinco empresas foram multadas em R$ 2,5 milhões pelo Incra.
Em Sinop (MT), um dos principais focos da operação, 50
agentes federais desceram ontem de um helicóptero do
Exército e de um avião da PF.
Outros quatro carros da polícia
já estavam estacionados em um
hotel da cidade.
A fiscalização no Pará começa hoje. O Ibama acredita que
as cerca de 60 madeireiras de
Tailândia possuam em estoque
até 50 mil metros cúbicos de
madeira ilegal, o suficiente para lotar 3.570 caminhões.
A chegada das forças federais
agitou a cidade, de 67 mil habitantes. Os moradores saíram de
casa para acompanhar a chegada do comboio.
Tensão
Nas madeireiras, o clima é de
tensão entre os empresários e
os funcionários. De acordo com
o presidente do Sindicato dos
Trabalhadores na Indústria
Madeireira de Tailândia, Francisco das Chagas, dos 2.973
empregados do setor com a
carteira de trabalho assinada,
2.018 já receberam notificação
de demissão.
"Desse jeito, vai ser demitido
todo mundo", disse Chagas. Segundo ele, desde o início da fiscalização pelo governo do Estado, há 15 dias, 826 trabalhadores perderam o emprego sem
cumprir aviso prévio.
Para o presidente do Sindicato das Indústrias Madeireiras
de Tailândia, João Medeiros, a
ação das forças federais deverá
agravar ainda mais a situação.
Medeiros acredita, porém, que
a fiscalização "será uma oportunidade para o setor se moralizar e se legalizar".
A cidade -que, segundo a
prefeitura, tem 70% da sua economia lastreada nos ganhos das
madeireiras e carvoarias- reclama do "efeito dominó" provocado pela crise no setor.
"Antes dessa confusão eu faturava R$ 160 por semana", disse o borracheiro Magno Silva
Sales, 30. "Agora, sem os caminhões, só ganhei R$ 40 na semana passada", declarou.
Nas estradas, só circulam as
carretas contratadas pelo governo estadual para retirar a
madeira apreendida. Ontem, os
caminhões transportaram sua
carga para um porto fluvial. As
toras foram levadas para depósito próximo a Belém, onde serão leiloadas. O dinheiro irá para entidades ambientais.
Colaborou RODRIGO VARGAS ,
da Agência Folha, em Cuiabá
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