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Defesa de Arruda racha após derrotas no STJ e no Supremo
Quatro defensores, todos baseados no DF, saíram por divergência com Nélio Machado
Como estratégia para tentar sair da prisão, governador agora admite prorrogar a licença do cargo até o final das investigações contra ele
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
Quatro advogados do governador afastado José Roberto
Arruda (sem partido) renunciaram oficialmente ao caso
com uma carta de apenas um
parágrafo, deixando a defesa
integralmente a cargo do escritório de advocacia de Nélio Machado, do Rio. Arruda, que está
preso na Polícia Federal desde
o dia 11, já assinou ontem o recibo da rescisão do contrato.
Deixaram a causa os advogados José Gerardo Grossi, Nabor
Bulhões, Eduardo Alkmin e
Eduardo Ferrão, apontados como a elite da advocacia no DF.
Ontem, como parte de sua estratégia de defesa, o governador preso disse, por meio de seu
advogado, que está disposto a
se licenciar do cargo até que
terminem as investigações.
Machado disse que ainda não
está certo como será essa prorrogação. "Mas conversamos rapidamente sobre isso e ele não
contestou", afirmou.
A maior preocupação dos advogados que saíram é evitar a
ilação, que dizem ser incorreta,
de que estariam abandonando
o caso por considerar Arruda
culpado. Conforme a Folha
apurou, o problema foi incompatibilidade e disputa de espaço com Machado.
O desconforto começou na
decisão de contratar Machado,
quando os outros quatro já
atuavam na defesa.
A chegada
de mais um advogado, e de fora
da capital, foi considerada um
"atravessamento". A partir de
então as divergências se aguçaram e se tornaram incontornáveis com a prisão de Arruda decretada pelo ministro Fernando Gonçalves e ratificada pelo
Superior Tribunal de Justiça.
Na versão do lado de Nélio
Machado, Grossi se dizia amigo
de Gonçalves, mineiro como
ele, e assegurara que o ministro
não decretaria a prisão.
Já na apresentação do habeas corpus ao Supremo Tribunal Federal, quem é acusado de
errar é Machado, que teria se
precipitado para jogar a decisão nas mãos de Marco Aurélio
Mello, conhecido como liberal
ao livrar réus de prisão preventiva. Desta vez, porém, ele
manteve Arruda na cadeia.
Esta "culpa" recaiu sobre
Machado, acusado de ter sido
"açodado" e de ter entrado com
o pedido antes de se reunir
com os demais advogados, sem
que eles tivessem tomado conhecimento do teor da decisão
de Gonçalves e do STJ.
A questão considerada crucial é quanto à necessidade ou
não de ouvir a Câmara Legislativa do Distrito Federal para
poder prender o governador.
Quatro ministros do próprio
STJ consideravam que sim, deveria ser consultada.
Os advogados de Brasília julgam que isso poderia ter evitado a prisão, mas foi tratado
com ligeireza no pedido de Machado -assinado por Grossi
"por procuração", sem que ele
concordasse com a medida.
Por isso, houve o pedido de
adiamento da votação no STF e
a alteração do teor do habeas
corpus. Se a votação tivesse sido ontem, Arruda perderia, dizem advogados e ministros.
Colaborou LUCAS FERRAZ, da Sucursal de Brasília
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