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PRIVATIZAÇÃO
Estudo foi feito por dirigentes da área econômica do banco
FHC pode vender últimas
estatais, afirma BNDES
da Sucursal do Rio
O pico das receitas provenientes
do atual programa de privatização brasileiro já passou, mas é
possível que, no futuro, "objetivos
macroeconômicos" forcem o governo a vender empresas estatais
que não estão atualmente incluídas entre as privatizáveis.
A conclusão faz parte de um artigo escrito pelos economistas Armando Castelar Pinheiro e Fabio
Giambiagi, respectivamente, chefe e gerente do Departamento
Econômico do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social).
O BNDES é precisamente a instituição responsável pela gestão
das privatizações realizadas pelo
governo federal e que também
presta assessoria aos processos de
privatização conduzidos pelos
governos estaduais.
Uma das empresas estatais que
atualmente estão fora do programa de privatização é a Petrobras,
mas os técnicos do BNDES não
especificam quais as futuras empresas privatizáveis.
Os economistas prevêem uma
arrecadação de US$ 36,8 milhões
com privatizações no período
1999/2000, um número que, Pinheiro reconhece, não será alcançado. Em 1999, as privatizações
federais e estaduais renderam
apenas US$ 3,944 bilhões.
O artigo de Pinheiro e Giambiagi encabeça uma série de 13 textos
reunidos no livro "A Privatização
no Brasil - O caso dos Serviços de
Utilidade Pública", obra editada
pelo BNDES.
Seminário
O livro é a compilação dos trabalhos apresentados em um seminário fechado, realizado em
abril do ano passado pelo BNDES
e o Centro de Desenvolvimento
da OCDE (Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico), a organização que reúne
os países mais ricos do mundo,
com a participação de economistas brasileiros e estrangeiros.
O artigo dos economistas do
BNDES argumenta que a principal motivação por trás do "grande
e radical" esforço de privatização
brasileiro residiu na "incapacidade do Brasil de estabilizar a economia e manter um crescimento
sustentado, processo iniciado em
meados dos anos 70 e ainda não
concluído".
Eles mostram a crescente influência dos objetivos de política
macroeconômica nas decisões do
processo de privatização e argumentam que, se o governo federal
não tivesse conseguido a estabilidade de preços com o Plano Real,
dificilmente as privatizações teriam chegado às empresas de serviços públicos.
Pouco planejamento
De acordo com os técnicos do
BNDES, a velocidade imprimida
ao processo de venda das empresas estatais de serviços públicos e
as circunstâncias em que ele foi
feito resultaram em "pouco planejamento prévio" em relação às
privatizações.
Isso, segundo eles, provocou reflexos significativos na regulação
dos serviços privatizados. Enquanto nas telecomunicações
houve uma regulação prévia para
assegurar a competição, houve
"defasagem" entre a privatização
e a regulação do setor elétrico (hoje sob a responsabilidade da
Agência Nacional de Energia Elétrica) e no setor de transportes
ainda não houve sequer regulação
(uma vez que a Agência Nacional
de Transportes ainda nem foi
criada).
Ainda segundo os autores, a insuficiência de planejamento prévio também "pode explicar por
que a maioria dos integrantes dos
órgãos reguladores, mesmo nos
cargos de chefia, é constituída por
antigos funcionários das empresas estatais".
Parece que é o fim
Em outro artigo, sobre a privatização do setor elétrico, o economista Carlos Kawall, atual economista-chefe do Citibank no Brasil,
conclui que o processo vem sendo
bem-sucedido, mas argumenta
que "o novo ambiente regulatório" do setor "ainda deve comprovar sua eficiência".
Em entrevista, Kawall afirmou
que, em 1998, quando foi privatizada a Gerasul -primeira geradora de energia do sistema Eletrobrás privatizada-, ele pensou
que a operação representava o
início da venda da Eletrobrás.
"Até agora, parece que era o
fim", disse em alusão à demora na
venda das demais geradoras estatais. Kawall disse que o Brasil vive
uma espécie de "ressaca das privatizações já feitas", estimulada
pelo sucesso da política fiscal
(ajuste das contas públicas) que
estaria retirando do governo a
pressão por vender empresas a
curto prazo.
Mas, argumenta ele, a retomada
das vendas de empresas estatais é
inevitável e ocorrerá em algum
momento.
O livro do BNDES é amplamente favorável ao processo de privatização e contém apenas críticas
pontuais em alguns artigos.
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