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INVESTIGAÇÃO
Ministério Público recebe documentos bancários em nome de "offshore" usada para movimentar dinheiro
Extrato mostra US$ 1,5 mi de Pitta nos EUA
DA REPORTAGEM LOCAL
O ex-prefeito Celso Pitta (1997-2000) movimentou cerca de US$
1,5 milhão nos EUA por meio de
uma "offshore" (empresa no exterior) aberta quando ele ainda era
secretário das Finanças do ex-prefeito Paulo Maluf (1993-1996).
Para o Ministério Público do Estado de São Paulo, os documentos
comprovam que parte da conta
foi alimentada com o desvio de
dinheiro de obras públicas.
A denúncia partiu da ex-mulher
de Pitta, Nicéa Camargo Pitta, que
forneceu ontem à polícia e ao Ministério Público extratos bancários em nome da "offshore" Diderot (filósofo francês). "Essa conta
foi aberta no período de Natal, no
dia 20 ou 21 de dezembro de 1994,
em Nova York, no Commercial
Bank", afirmou Nicéa.
Para o Ministério Público, Pitta
e Maluf são responsáveis pelo superfaturamento na construção da
avenida Águas Espraiadas. Calcula-se em aproximadamente R$
500 milhões o valor de recursos
desviados da obra. De acordo
com os documentos, o dinheiro
não está mais em Nova York. "Foi
para a Suíça", afirmou Nicéa.
A Justiça suíça já enviou ao Brasil cópias dos extratos bancários
de uma conta em nome da Cutty
International aberta em Zurique.
Encaminhou ainda um termo de
abertura da conta, assinado por
Pitta e por Nicéa.
O ex-prefeito chegou a usar um
aparelho de fax do gabinete da
Prefeitura de São Paulo para repassar documentos para o banco
internacional -o número está
registrado no cabeçalho da folha.
Segundo o Ministério Público, o
dinheiro saiu da Suíça, foi para os
EUA e, depois, foi depositado na
ilha de Guernsey, paraíso fiscal do
canal da Mancha. A ilha é vizinha
a Jersey, onde Maluf teve bloqueado pelo menos US$ 200 milhões,
segundo autoridades de lá.
Com os documentos de Suíça e
EUA em mãos, o Ministério Público espera agora poder contar
com a cooperação de Guernsey.
Já os documentos enviados pela
Suíça referentes a movimentações
bancárias de Maluf naquele país
serão abertos na próxima terça-feira pelos procuradores e promotores que investigam remessa
ilegal de dinheiro para o exterior.
Esse foi o prazo dado ontem pelo chefe do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional do Ministério da Justiça, Antenor Madruga, aos promotores Sílvio
Marques e Sérgio Turra Sobrane.
Os documentos são aguardados
no Brasil há dois anos e meio. E,
apesar de já estarem com o Ministério da Justiça, apenas os juízes
de São Paulo Toru Yamamoto (federal) e Renata Okida (estadual)
podem analisá-los e repassá-los
ao Ministério Público.
(LILIAN CHRISTOFOLETTI)
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