|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Funasa gasta R$ 4,5 mi com táxi no MA
Carros levam índios a cidades para serem tratados pelo SUS, mas lideranças indígenas dizem que há desvio de recursos
Valor gasto é maior que
orçamento total da Funasa
em 12 Estados; para líderes
de etnias, ações de saúde
nas aldeias são esquecidas
SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA
A Coordenação Regional da
Funasa no Maranhão pagou
R$ 4,5 milhões em 2006 à Coopersat, cooperativa de táxi de
São Luís, para o transporte de
índios que fazem tratamento
médico fora das aldeias e das
equipes multidisciplinares de
saúde indígena. Em 2005, a Funasa-MA havia pago à mesma
cooperativa R$ 1,82 milhão.
O valor gasto com táxi no
Maranhão em 2006 foi maior
que o orçamento total -e não
só para transportes- da Funasa em 12 Estados, entre eles São
Paulo (R$ 3,83 milhões), Rio
Grande do Sul (R$ 3,99 milhões) e Paraná (R$ 3,01 milhões). O orçamento 2006 total
da Funasa do Maranhão, onde
vivem 28 mil índios, é de
R$ 11,68 milhões.
Em 2006, a Funasa-MA alugou 36 carros com motorista. O
pagamento é feito por quilômetro rodado, com base em guias
preenchidas pelos motoristas
e, segundo a Funasa, sob fiscalização de um servidor do órgão.
O valor pago em 2006 corresponde a 3,224 milhões de quilômetros rodados.
Lideranças indígenas ouvidas pela Folha disseram que
não há fiscalização e que há
fraudes na anotação da quilometragem.
As lideranças reclamam de
que o atendimento à saúde feito pela Funasa limita-se a
transportar índios às cidades,
onde são assistidos pelo SUS,
enquanto ações de saúde nas
aldeias são deixadas de lado.
"O dinheiro da Funasa está
indo pelo ralo com o aluguel
dos carros, enquanto não acontecem ações de saúde dentro
das aldeias", disse Marinete
Guajajara, líder que representa
sete aldeias em Amarante.
O guajajara Uirauchene Alves Soares, que representa 34
aldeias e cerca de 2.400 índios
do município de Arame, disse
que há quatro anos a Funasa
não faz ações para prevenção
de câncer uterino nas aldeias.
"Questionamos a política de
saúde da Funasa, que, em vez
de construir postos de saúde
nas aldeias gasta com transporte para poder desviar recursos", disse Soares.
No início do mês, ele fez um
termo de declaração na Procuradoria Geral da República, em
Brasília, no qual relatou o suposto desvio de recursos.
O procurador federal Luiz
Carlos Oliveira Jr., responsável
pela questão indígena no Maranhão, diz que o uso dos táxis
não é fiscalizado pela Funasa,
mas que o órgão diz que começou a reduzir o uso dos carros.
Texto Anterior: Mercosul: Setor automotivo afirma não querer mais acordo bilateral Próximo Texto: Coordenador de órgão nega desvio de verba Índice
|