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PT NO DIVÃ
Para vice-presidente da sigla e candidato adversário, acordo é desnecessário
Genoino propõe pacto com esquerda
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois do acalorado embate do
fim de semana, o presidente nacional do PT, José Genoino, propôs ontem um pacto a seus adversários nas eleições do partido:
"Que assumam um compromisso
público pelo nível do debate e
com o projeto do governo Lula".
Tarde demais. Ontem mesmo, o
candidato da Articulação de Esquerda e vice-presidente do PT,
Valter Pomar, divulgou uma carta
com severas críticas ao roteiro do
Campo Majoritário para o debate.
Para Genoino, a carta "é de alto
nível" e "eleva o debate".
Segundo Pomar, "o texto [do
Campo Majoritário] é governista
no mau sentido" por contornar a
gravidade da "ditadura do capital
financeiro" no país. "Se faço um
documento para um partido, que
vai além do governo, tenho de dizer as coisas como são. Se faço um
documento para o governo, tenho de usar aquela linguagem
cheia de diplomacia, o tucanês."
Para ele, um pacto é desnecessário: não há dúvida de que os candidatos estão comprometidos
com a reeleição de Lula. Além disso, o candidato da Democracia
Socialista (DS), Raul Pont, deixou
evidente sua insatisfação com as
declarações do secretário-geral do
PT, Sílvio Pereira. Na véspera, Pereira ameaçou expor as mazelas
da administração Pont (Porto
Alegre) em resposta às críticas da
DS ao governo. "Não vou descer o
debate a esse patamar. Há questões objetivas: a política econômica e a ética no governo."
Até Maria do Rosário (RS), do
moderado Movimento PT, prega
a discussão da política econômica. "Para apoiar o governo tem de
ser propositivo. Não pode só acolher propostas e dar sustentação."
Em sua carta, a Articulação de
Esquerda avalia que Lula vive sob
a sombra do "espectro neoliberal"
e que seus colegas Néstor Kirchner (Argentina) e Hugo Chávez
(Venezuela) governam mais à esquerda. Pomar recorre ao neologismo "gustavo-franquiana" para
descrever a política econômica.
A crítica também respinga no
ministro José Dirceu (Casa Civil).
Segundo ele, "a estratégia hegemônica" tem o apoio de Dirceu,
"embora este aparente sempre estar alguns graus à esquerda da sua
posição real". Assim com a DS, a
AE tem cerca de 15% do PT.
Os adversários de José Genoino
na disputa pela presidência do PT
mostraram ontem discordância,
em um debate em Belo Horizonte,
em relação ao caso do deputado
federal Virgílio Guimarães (PT-MG) -apontado por setores do
PT como um dos principais responsáveis pela derrota do candidato petista Luiz Eduardo Greenhalgh (SP), que perdeu a eleição
para Severino Cavalcanti (PP-PE). Virgílio contrariou decisão
da bancada do PT e lançou-se
candidato independente.
No debate de ontem, participaram dois dos três pré-candidatos
à presidência do PT nacional, Plínio Arruda e Valter Pomar, e um
representante de Raul Pont, o
professor universitário Juarez
Guimarães. Valter Pomar disse
que, "se houver união de forças,
teremos chances de ir para o segundo turno e aí fica difícil de a
gente [a oposição a Genoino] perder".
Mas o caso Virgílio indica que
pode ser difícil alcançar essa
união de forças. Valter Pomar, da
tendência Articulação de Esquerda, defendeu a expulsão de Virgílio do partido. "Eu vou votar pela
expulsão. Vai ser um voto solitário, mas eu vou votar na expulsão."
Colaborou ANA KARENINA BERUTTI,
colaboração para a Agência Folha, em
Belo Horizonte
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