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MEMÓRIA
Um dos formuladores da "teoria da dependência", teve divergências com FHC
Morre o economista Gunder Frank
DA REDAÇÃO
Morreu no último sábado, em
Luxemburgo, o economista André Gunder Frank, aos 76, vítima
de complicações de um câncer
contra o qual lutava havia anos.
O nome de Gunder Frank está
associado nas ciências sociais ao
que ficou conhecido como "teoria
da dependência", da qual foi um
dos formuladores nos anos 60.
Há até hoje divergências sobre a
paternidade da teoria -na mesma época em que Gunder Frank
publicava seu livro "Capitalismo e
Subdesenvolvimento na América
Latina", os sociólogos Fernando
Henrique Cardoso e Enzo Faletto
finalizavam "Dependência e Desenvolvimento na América Latina", lançados ambos em 1967.
Em 1992, o cientista político Robert A. Packenham, professor da
Universidade de Stanford (EUA),
publicou o livro "O Movimento
da Dependência", no qual questionava a primazia de FHC e Faletto sobre a teoria.
A questão, porém, é mais complexa. Não há uma "teoria da dependência", mas um conjunto de
escritos e de pensadores que, reunidos na América Latina nos anos
60, renovaram o pensamento de
esquerda. As teorias acerca do imperialismo e os trabalhos desenvolvidos pela Cepal desde o final
dos anos 40 sobre as relações entre centro e periferia capitalista foram absorvidos e reelaborados
pelo que ficou conhecido como
dependentismo.
A maior divergência entre Gunder Frank e FHC/Faletto refere-se
à possibilidade de desenvolvimento das nações periféricas, como o Brasil. Enquanto o primeiro,
ligado à esquerda marxista norte-americana, defendia que a dependência condenava à estagnação
econômica, FHC e Faletto argumentavam que este desenvolvimento já estava ocorrendo, porém de forma subordinada. O
país seria uma espécie de sócio
menor do capitalismo avançado.
Isso, em particular para FHC,
não era um dado negativo, mas da
realidade. Daí derivam também
as divergências políticas entre
Gunder Frank, que pregava a ação
revolucionária rumo ao socialismo, e o sociólogo brasileiro, adepto do reformismo dentro dos limites oferecidos pelo capitalismo.
Nascido em Berlim (Alemanha), Frank vivia em Luxemburgo desde o final de 2003, mas morou em diversos países. Deixou a
Alemanha na década de 40. Morou, entre outros lugares, nos
EUA, no Canadá, no Chile e no
Brasil, no início da década de 60,
onde teve seu primeiro filho.
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