São Paulo, terça-feira, 26 de abril de 2005

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MEMÓRIA

Um dos formuladores da "teoria da dependência", teve divergências com FHC

Morre o economista Gunder Frank

DA REDAÇÃO

Morreu no último sábado, em Luxemburgo, o economista André Gunder Frank, aos 76, vítima de complicações de um câncer contra o qual lutava havia anos.
O nome de Gunder Frank está associado nas ciências sociais ao que ficou conhecido como "teoria da dependência", da qual foi um dos formuladores nos anos 60.
Há até hoje divergências sobre a paternidade da teoria -na mesma época em que Gunder Frank publicava seu livro "Capitalismo e Subdesenvolvimento na América Latina", os sociólogos Fernando Henrique Cardoso e Enzo Faletto finalizavam "Dependência e Desenvolvimento na América Latina", lançados ambos em 1967.
Em 1992, o cientista político Robert A. Packenham, professor da Universidade de Stanford (EUA), publicou o livro "O Movimento da Dependência", no qual questionava a primazia de FHC e Faletto sobre a teoria.
A questão, porém, é mais complexa. Não há uma "teoria da dependência", mas um conjunto de escritos e de pensadores que, reunidos na América Latina nos anos 60, renovaram o pensamento de esquerda. As teorias acerca do imperialismo e os trabalhos desenvolvidos pela Cepal desde o final dos anos 40 sobre as relações entre centro e periferia capitalista foram absorvidos e reelaborados pelo que ficou conhecido como dependentismo.
A maior divergência entre Gunder Frank e FHC/Faletto refere-se à possibilidade de desenvolvimento das nações periféricas, como o Brasil. Enquanto o primeiro, ligado à esquerda marxista norte-americana, defendia que a dependência condenava à estagnação econômica, FHC e Faletto argumentavam que este desenvolvimento já estava ocorrendo, porém de forma subordinada. O país seria uma espécie de sócio menor do capitalismo avançado.
Isso, em particular para FHC, não era um dado negativo, mas da realidade. Daí derivam também as divergências políticas entre Gunder Frank, que pregava a ação revolucionária rumo ao socialismo, e o sociólogo brasileiro, adepto do reformismo dentro dos limites oferecidos pelo capitalismo.
Nascido em Berlim (Alemanha), Frank vivia em Luxemburgo desde o final de 2003, mas morou em diversos países. Deixou a Alemanha na década de 40. Morou, entre outros lugares, nos EUA, no Canadá, no Chile e no Brasil, no início da década de 60, onde teve seu primeiro filho.


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