Apontados como tesoureiros de dois banqueiros do jogo presos estavam entre os três foragidos; filho de Turcão é procurado

Prisões foram decretadas no sábado, após PF suspeitar de atual participação deles no esquema, em decorrência da prisão dos bicheiros

RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO

Dois dos três foragidos na Operação Hurricane (Furacão, em inglês) se entregaram à 6ª Vara Criminal Federal. Nagib Teixeira Suaid e João Oliveira de Farias são apontados como os tesoureiros de Aniz Abrahão David, o Anísio, e Ailton Guimarães, o Capitão Guimarães. Suaid e Farias ainda aparecem como sócios de bingos.
Até o início da noite de ontem, restava foragido apenas Marcelo Calil Petrus, filho e administrador dos negócios do contraventor Antônio Petrus Kalil (a ordem e grafia dos nomes é diferente), o Turcão.
Suaid e Farias tentaram retirar R$ 1,75 milhão de contas bancárias no Citibank e no Unibanco, segundo informação do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), como a Folha informou ontem.
"Após deflagrada a operação, quando foram apreendidos vultosos valores em poder dos investigados, os dois tentaram sacar de suas contas R$ 500 mil, no Citibank, e R$ 1,25 milhão, no Unibanco, certamente para impedir eventual medida assecuratória que venha a ser deferida", diz a denúncia da Procuradoria, aceita pela juíza Ana Paula Vieira de Carvalho.
Segundo a Procuradoria, Suaid, Farias e Marcelo Calil integram "a cúpula da organização, na condição de beneficiários das atividades ilícitas e com atuação para o sucesso da empreitada criminosa".
Gravações da PF indicam que, após a prisão, os banqueiros do bicho Turcão, Capitão Guimarães e Anísio transferiram a condução de seus negócios para pessoas de confiança.
Turcão designou o filho caçula, Marcelo Calil, já há anos administrador dos negócios ilegais. Os legais (restaurante, hotel e academia) são tocados pelo filho mais velho, Antônio Petrus Kalil Filho, o Toninho.
O contraventor, de 82 anos, tem seguidos surtos de esquecimento, insuficiência cardíaca e diabetes. O filho assumiu os negócios de caça-níqueis, bingos e jogo-do-bicho no Rio e em outros Estados.
Anísio escolheu para sucedê-lo o tesoureiro da organização que comanda, Nagib Teixeira Suaid. A confiança nele é tanta que o bicheiro escalou o filho de Suaid, Ricardo, para dirigir a escola de samba Beija-Flor.
Ricardo Suaid é o vice-presidente da escola campeã do último Carnaval. Na prática, é o executivo da agremiação, o faz-tudo, já que o presidente é Farid Abrão David, prefeito de Nilópolis e irmão de Anísio.
Para sucedê-lo na organização temporariamente, Capitão Guimarães recorreu ao tesoureiro João Oliveira de Farias. O sucessor natural seria seu sobrinho, Júlio César Guimarães Sobreira, também preso.
Calil Petrus, Nagib Suaid e Oliveira de Farias tiveram as prisões decretadas no sábado pela Justiça Federal, a pedido da PF. Nos grampos da primeira fase da Operação Hurricane os três aparecem de maneira esporádica, em declarações de importância menor. Essa situação subalterna mudou com a prisão dos banqueiros.


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