São Paulo, segunda-feira, 26 de abril de 2010

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Por Tuma, PP assedia PTB em São Paulo

Sem espaço na chapa tucana, que optou pelo PMDB, petebistas recebem aceno do PP, que cobiça os votos do senador

Campos Machado afirma ser fiel a Alckmin, mas não esconde desagrado com lideranças do PSDB, a quem chama de "prepotentes"

ANA FLOR
DA REPORTAGEM LOCAL

A falta de espaço na aliança tucana em São Paulo pode empurrar o PTB rumo a uma aproximação com o PP no Estado.
O partido, aliado histórico dos tucanos, é cobiçado por pepistas para uma chapa estadual que agregaria as candidaturas de Celso Russomano (PP-SP) ao governo e de Romeu Tuma (PTB-SP) ao Senado.
Na última semana, o presidente estadual do PTB, deputado estadual Campos Machado, anunciou a decisão de manter a candidatura de Tuma à reeleição. O PTB esperava uma das vagas ao Senado na aliança tucana, mas foi preterido pelo PMDB, de Orestes Quércia.
Apesar da promessa de fidelidade a Geraldo Alckmin (PSDB), pré-candidato ao governo, de quem é amigo, Machado não esconde o descontentamento com o PSDB. Chega a chamar algumas lideranças de "prepotentes" e "arrogantes". "Ao contrário de alguns dirigentes tucanos, nós damos valor à palavra lealdade", diz ele, relembrando que, em 2008, apoiou Alckmin à Prefeitura de São Paulo, enquanto o PMDB e parte dos tucanos ficaram com o DEM.
O descontentamento do líder petebista é visto como uma oportunidade para o PP ampliar suas chances de aliança no Estado. O partido definiu a candidatura de Russomano, deputado federal, ao governo. Paulo Maluf (PP-SP), maior liderança no Estado, concorre à reeleição na Câmara. Para o partido, um nome forte ao Senado, como o de Tuma, traria força à chapa.
Uma liderança pepista confirma o interesse no PTB, argumentando que Romeu Tuma tem um eleitorado semelhante ao de Maluf no Estado.
Pesquisa Datafolha feita no final de março sobre a corrida ao Senado em São Paulo mostra Tuma em segundo lugar, com 25% das intenções de voto, à frente de Quércia (PMDB), com 22%. Bem mais atrás, com 6% das intenções, vem Aloysio Nunes Ferreira (PSDB).
Segundo Machado, o partido não tem interesse na vaga de vice de Geraldo Alckmin e está determinado a levar adiante a "irreversível" candidatura de Tuma. A decisão, ratificada pela Executiva estadual e pelo presidente nacional da sigla, Roberto Jefferson, quebra uma aliança de 14 anos entre PTB e PSDB em São Paulo.
Até o momento, a definição do partido é sair em uma chapa solo no Estado, sem candidato ao governo. Uma parceria com o PP no primeiro turno, entretanto, ampliaria o tempo de TV de ambos os candidatos.
Além da crise com o PTB, os tucanos precisam administrar problemas internos. O deputado federal José Aníbal (SP) está determinado a levar para as prévias do partido a definição de quem será o candidato ao senado pelo PSDB -ele ou Nunes Ferreira.
Mesmo com poucas chances de interferir nas negociações, o PT sonha em ver PP e PTB juntos em São Paulo. A aliança tornaria quase certo um segundo turno na disputa ao governo do Estado e atrapalharia a coligação oficial entre PTB e PSDB em nível nacional.


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