São Paulo, domingo, 26 de abril de 1998

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Painel

Cenário federal

A expectativa de políticos e auxiliares próximos a FHC e ACM é que a relação dos dois melhore. ACM, sem Luís Eduardo, tende a se atritar menos com o presidente, coisa que fazia para criar uma raia política para o projeto presidencial do filho em 2002.


O preço

A união FHC-ACM significaria um fortalecimento do presidente no eventual 2º mandato e deixaria os partidos aliados em 2º plano. Resta saber se o presidente está disposto a dar uma contrapartida grande de poder ao senador. E se o PSDB deixa.


Contraste acentuado

Se se entender com FHC, ACM se tornará maior que o PFL. Antes, Luís Eduardo fazia a ponte com o Planalto, mas Marco Maciel e Jorge Bornhausen ajudavam. Se a ligação for direta, esses dois viram coadjuvantes.


Segundo time

Tucanos e pefelistas se preocupam com uma sintonia fina entre a Presidência da República e a do Congresso. Um eixo de poder forte e harmônico como esse diminuiria muito a importância dos outros atores políticos.




Pepebista em baixa

Maluf vê com desespero um casamento entre FHC e ACM. O PFL vai manter a coligação para a sucessão paulista, mas o compromisso acaba aí. Luís Eduardo era o principal motivo para o carlismo ter se reaproximado, a contragosto, do malufismo.


Sem bandeira

Razões para ACM melhorar o relacionamento com FHC: 1) sem Luís Eduardo, perde o projeto político com o qual sonhava tanto e 2) ficou comovido com o fato de o presidente ter abandonado missão oficial no exterior para homenagear o seu filho.


Sem trator

Razões para FHC melhorar o relacionamento com ACM: 1) imobiliza a maior fonte de confusão no eventual 2º mandato e 2) se conquistar o pefelista, terá alguém capaz de brigar por ele no melhor estilo Serjão.


Rápido no gatilho
Leitura feita no Congresso sobre o convite de Serra para Inocêncio Oliveira ocupar o posto de líder do governo: o tucano saiu na frente em busca do espaço deixado por Serjão. E tentando amaciar Inocêncio, o pefelista que mais lhe cria obstáculos.

Ninho de cobras
Tasso foi aconselhado a não vir para Brasília sem mandato. Para não ser engolido por outros tucanos que disputam o espaço de Serjão junto a FHC. Mas ele prefere não disputar a reeleição ao governo do Ceará. E Ciro topa acordo sobre a sucessão local.


Aí não tem acordo

Uma aproximação entre FHC e ACM diminuiria conflitos regionais, mas não os eliminaria. PSDB, PFL, PMDB e PPB continuariam com os mesmos motivos para brigar pelos governos estaduais e para eleger as maiores bancadas legislativas.


Medalha de bronze

Caciques do PMDB, partido que se aproximava do PSDB para compensar o afastamento do PFL, que namorava o PPB, estão preocupados com a eventual união política FHC-ACM.


Tentação regional
Uma pesquisa recente sobre a eleição do Pará deixou Jader Barbalho ainda mais impaciente. Enquanto o PMDB nacional não se entende sobre a presidência da sigla, na sucessão estadual ele está com 45% das intenções de votos contra 31% do governador tucano, Almir Gabriel.

Quer sair do gueto

Lula recebe um grupo de líderes empresariais amanhã em São Paulo: Paulo Scaff (setor têxtil), Mário Bernardini (máquinas), Claudio Vaz (autopeças) e Eduardo Capobianco (construção). Pauta: indústria nacional.


Medida correta

O Ibama conseguiu a inclusão do mogno na Cites (convenção de proteção de espécies ameaçadas). A partir de 26 de junho, o comércio internacional da madeira passa a ser controlado.


TIROTEIO


De Padre Roque (PT-PR), sobre a divergência entre líderes governistas a respeito do melhor momento para votar a reforma da Previdência:
- A data não é problema. Com a composição fisiológica da base do governo e a partida dos dois maiores fiadores das negociatas entre Congresso e Executivo (Sérgio Motta e Luís Eduardo), as reformas não serão aprovadas nunca.


CONTRAPONTO
Amnésia provocativa

No começo de 1989, depois de ter deixado a Prefeitura de São Paulo, Jânio Quadros e a mulher, Eloá, viajaram para Paris. Lá, encontraram amigos, entre os quais Augusto Marzagão.
Naquele ano, o Brasil voltaria a ter eleições diretas para presidente após quase 30 anos. A última fora em 60 (em 64 instalou-se o regime militar e acabaram os pleitos diretos para o Planalto). Jânio era tido como um possível presidenciável.
Jânio e Marzagão resolveram sair para um passeio pela avenida Champs-Elysées, a mais famosa de Paris.
De repente, cruzaram com um grupo de turistas brasileiros. Um homem olhou Jânio e disse:
- Presidente, o sr. sabe quem eu sou? Pense bem. Pense bem.
Em silêncio, Jânio tentava se lembrar, mas o turista insistiu...
- Pense bem, se esforce. O sr. sabe quem eu sou?
Jânio perdeu a paciência:
- Se o sr. não sabe quem o sr. é, como é que eu vou saber?l



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