São Paulo, segunda, 26 de maio de 1997.



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TELECOMUNICAÇÕES
Sem cacife para operar, empresa fará parceria com consórcios visando se valorizar antes da venda
Telebrás fará associação com 'gigantes'

IGOR GIELOW
enviado especial a Lisboa

A Telebrás, holding brasileira de telecomunicações que deve ser privatizada até 1998, vai se associar a 2 dos 3 maiores consórcios globais do setor até o fim de junho.
Serão assinados acordos com o World Partner (consórcio liderado pela norte-americana AT&T) e Concert (liderado pela britânica British Telecommunications e a MCI, dos EUA).
Está sendo estudado também um convênio do mesmo tipo com a Global One, liderada pela alemã Deutsche Telekom.
"Nós não temos cacife para operar sozinhos. Precisamos desses contratos para ampliar nosso leque de opções", disse o ministro Sérgio Motta (Comunicações).
Consórcio
Motta está em Portugal para fechar o acordo com a Portugal Telecom que irá formar a Atlantic Telecom. A Atlantic será o consórcio que vai se associar com as outras gigantes do mercado.
A idéia inicial é investir em serviços privados na América Latina, eventualmente participando de privatizações.
Esses consórcios são definidos como "global traders" -literalmente, negociantes globais. Eles têm estrutura jurídica simplificada para poder atuar em parcerias em diversos pontos do mundo, sem acordos de exclusividade.
Não é possível falar em custos ou previsões de lucro nessas associações, por enquanto. Mas o governo já vê frutos das parcerias. "Isso valoriza a Telebrás na hora de sua privatização", disse Motta.
A Embratel irá concentrar as operações da Atlantic. Isso a tornará a fatia mais robusta, o filé da privatização do setor no Brasil.
"Com isso, concentramos nossas 'golden shares' na Embratel para garantir o interesse nacional", afirmou Motta.
A "golden share", usada na venda da Vale do Rio Doce, permite certas limitações a quem for comprar uma estatal. Motta afirmou que nenhuma decisão será tomada fora do Brasil.
O ministro assina hoje em Lisboa a revisão da chamada Aliança Atlântica -o embrião da Atlantic Telecom que foi aprovado no Senado brasileiro no ano passado e consiste numa parceria operacional entre a Telebrás e a Portugal Telecom.
Será anunciado também o cronograma de implantação do cabo submarino digital Cabral (Atlantis 2), que irá substituir o atual Atlantis 1. Hoje, são permitidos 1.380 canais de voz simultâneos entre Europa e Brasil. Com o novo cabo, de US$ 300 milhões, o número pula para 120 mil canais simultâneos.
Sérgio Motta afirmou que, quando falou na sexta-feira em "duas Vale do Rio Doce" em recursos sobre a privatização da telefonia celular privada (a banda B), se referia a dinheiro -e não a recursos judiciais, embora a afirmação tenha sido feita durante uma entrevista sobre dificuldades jurídicas.
O ministro reafirmou, porém, que haverá uma "guerra jurídica" entre os consórcios envolvidos.



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