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SÃO PAULO
Procuradores aposentados e funcionários da Assembléia paulista recebem mais que governador e deputado estadual
Legislativo paga aposentadoria de R$ 26 mil
JULIA DUAILIBI
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL
A Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo paga até R$
26.664,63 por mês como aposentadoria para servidores inativos.
O valor é bem maior que o benefício máximo de R$ 19.249,92 pago
pela Câmara dos Deputados a
funcionários aposentados.
As superaposentadorias do Legislativo paulista representam,
em alguns casos, mais do que o
dobro do salário do governador
Geraldo Alckmin (PSDB) -R$
12.720 mensais- e estão bem acima do piso atual da Casa -R$
11.790, o salário dos deputados.
São 70 ex-funcionários e outros
três atuais servidores que recebem valores entre R$ 20.902,16 e
R$ 26.644,63. Os nomes dos beneficiados foram mantidos em sigilo
em respeito à legislação.
Os vencimentos desses inativos,
que foram procuradores da Assembléia, representam um gasto
de mais de R$ 20 milhões por ano
na folha de pagamento do Legislativo, que tem um Orçamento
anual de cerca de R$ 300 milhões.
"Com a reforma [administrativa estadual] de 1997 ninguém ganha mais do que o salário dos deputados. O que ainda há é o pagamento de alguns vencimentos por
determinação judicial", afirmou o
presidente da Assembléia Legislativa, Sidney Beraldo (PSDB).
Na semana passada, a Casa recebeu o projeto do governo de reforma da Previdência do Estado,
que prevê a tributação de 5% dos
servidores para aposentadoria, o
que eleva a alíquota de desconto
do funcionalismo para 11% -ativos e inativos pagam hoje no Estado 6% para pensão.
O governo paulista pretende tributar os servidores inativos, mas
aguarda a tramitação no Congresso da emenda constitucional da
reforma da Previdência, que, se
aprovada, permite a cobrança.
O déficit anual da Previdência
paulista é de aproximadamente
R$ 7,5 bilhões e chegará a R$ 8 bilhões até o final do ano. Atualmente, 38% dos gastos do Estado
com o pagamento do funcionalismo estão comprometidos com os
inativos. Segundo projeções do
governo, esse percentual chegará
a 50% em 2006.
Segundo o procurador-chefe da
Assembléia, Carlos Roberto Dutra, essas aposentadorias são referentes a um cargo que foi extinto
pela Assembléia em 1997, o de assessor-técnico legislativo-procurador, que exercia a função realizada atualmente pelos procuradores da Casa. "Muitas indicações
eram políticas, não tinham concurso. Quando muito havia um
concurso interno", disse Dutra.
Supersalários
Outros 11 funcionários da Casa,
também procuradores, mas ainda
na ativa, ganham salários entre R$
17 mil e R$ 21 mil. A Assembléia
tem 19 funcionários nesta função.
O cargo é considerado um dos
mais importantes dentro do Legislativo paulista. Ligados diretamente à Mesa da Assembléia, são
os procuradores que dão respaldo
legal às ações do Legislativo, além
de representar a instituição judicialmente.
Os funcionários que ganham
acima dos R$ 11.790 recebidos pelos deputados incorporaram vantagens por tempo de serviço e outros benefícios e, por meio de decisões na Justiça, conseguiram fazer com que esses valores não entrassem no cálculo do teto.
A Assembléia tem hoje cerca de
2.300 servidores na ativa e 700
inativos. O menor salário da Casa
é R$ 1.941,48, que é pago para pintores, eletricistas e encanadores
do, chamados de auxiliares legislativos de serviços operacionais.
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