São Paulo, quarta-feira, 26 de maio de 2004

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TODA MÍDIA

Nelson de Sá

Ganância

Roberto Requião, governador criticado há meses até pela Globo por fiscalizar em excesso as cargas de soja no porto de Paranaguá, ainda não cantou vitória -ao menos no que foi possível levantar.
Mas a fiscalização já venceu. A Jovem Pan noticiava ontem que o governo federal vai "punir", na expressão usada pelo ministro Roberto Rodrigues (Agricultura) em entrevista por telefone, todos os responsáveis pela exportação de soja contaminada para a China.
O "constrangimento" com o episódio foi destaque, uma vez m'ais, no "Valor". Rodrigues disse ao jornal que a contaminação de cinco navios no porto gaúcho de Rio Grande foi efeito de "ganância e imediatismo", num "ato de má-fé" que está sendo investigado pela Polícia Federal. Explicação técnica do "Valor" para o caso:
- Suspeita-se que a semente contaminada por fungicida não pudesse ser usada em plantio, devido a limitações para o uso de transgênicos, e que, para não perder o lote, o infrator decidiu misturá-las à carga.
Além da punição ao infrator, "a fiscalização no porto de Rio Grande será reforçada".
Nem todos estão satisfeitos. Segundo "O Estado de S.Paulo", para Blairo Maggi, governador de Mato Grosso e "maior produtor de soja do mundo", a rejeição da carga foi manobra dos chineses para descumprir contratos. A chancelaria chinesa garante que não.

Cena de transmissão de futebol, ontem
A IMAGEM DO BRASIL
Por longos segundos, para espanto de Galvão Bueno, a transmissão do jogo da seleção mostrou a torcedora com os seios de fora. Entre silêncios constrangidos, o locutor buscou deixar "claro que a geração é da TV espanhola".
Na novela das oito, a geração foi da Globo mesmo, com uma cena de nudez da atriz Juliana Paes, capa de "Playboy", para pico de audiência de 55 pontos.
 
Do site Nomínimo, há dias:
- Sugestão: banimento da expressão "nossa imagem lá fora" de todas as conversas, pesquisas, artigos. A imagem do Brasil no exterior não passa de borrão, em que se fundem 90% de desinteresse com 10% de preconceitos e mitos.

Urânio
O UOL passou o dia com manchete ("Brasil e China negociam acordo nuclear") para reportagem de Guilherme Barros, da Folha, que abria dizendo:
- Os governos iniciaram conversações para um possível acordo de cooperação nuclear que contemple a venda de urânio não-enriquecido para abastecer as usinas chinesas.
Era para ser um dia "sem acordo a ser fechado", no dizer da Globo On Line. Daí os destaques para coisas como "Xangai, a hora do shopping" ou "Depois dos negócios, a cultura brasileira". Até aparecer o urânio.

Avestruz
Escalada de manchetes do Jornal da Band, ontem:
- O presidente Lula quer ajuda dos chineses para diminuir as desigualdades sociais no Brasil. Aqui, 2,8 milhões estão desempregados nas grandes cidades, mas há oportunidades no interior. No cerrado do Mato Grosso, agricultores produzem vinho e criam avestruz.

Mais bilhete
Marta Suplicy fez um balanço à Jovem Pan sobre o bilhete único de ônibus em São Paulo, disse que foi bem recebido etc. E que só precisa esperar a licitação que o governo estadual está fazendo para a integração chegar também ao metrô e trem.

Crise de governo
O "El País" deu artigo de Antonio Sáenz de Miera, que "dirige um observatório no Brasil sobre política social", intitulado "O que se passa com Lula?":
- Começam a aparecer sinais preocupantes que podem nos fazer pensar que o governo de Lula não vai por bom caminho. Estamos vendo, como se dizia recentemente no "El País", o declínio de Lula? É muito cedo... Convém esperar e, prudentemente, falar por agora em crise de governo, que existe, sim.

Krugman fala
Mais "El País". Dias atrás, o jornal entrevistou Paul Krugman, economista e colunista do "New York Times", que falou dos EUA e um pouco de Brasil. Pergunta e resposta:
- É duradoura a recuperação econômica da América Latina?
- Minha impressão é que sim. Todavia, creio que o Brasil corre risco. Esteve à beira do precipício em várias ocasiões e precisa de mais investimentos.

Jornalistas
O "Washington Post" noticiou uma pesquisa feita com 500 jornalistas da "mídia nacional", apontando insatisfação:
- Metade diz que o jornalismo está negligente e cheio de erros. Quase metade diz que os jornalistas deixam sua visão ideológica afetar o trabalho.

Reuters/Associated Press
ANTES E DEPOIS
O tombo de bicicleta não afetou a imagem de George W. Bush. O "Washington Post" destacou fotos do presidente dos EUA antes e depois do pronunciamento de anteontem sobre o Iraque (acima), em cadeia nacional no país e pelos canais mundiais de notícia. Comentou que a maquiagem foi "um sonoro sucesso", eliminando "quase todos os arranhões". O tablóide "New York Daily News" chegou a detalhar os tipos de maquiagem usados

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