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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA
Alckmin atua para conter conflitos entre PFL e PSDB
Pré-candidato ligou para Tasso e Cesar Maia e disse que campanha cresce na dificuldade
Comando da campanha busca eliminar tensões entre tucanos e pefelistas no Maranhão, no Rio, em Santa Catarina e em Sergipe
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O pré-candidato do PSDB à
Presidência, Geraldo Alckmin,
tem se dedicado pessoalmente
à dissolução dos conflitos entre
tucanos e pefelistas. Além dos
telefonemas conciliadores nos
últimos dias -para o prefeito
Cesar Maia (PFL) e o presidente do PSDB, Tasso Jereissati
(CE)-, o comando de campanha intensificou ontem a costura de acordos estaduais.
Coordenador-geral da campanha, o senador Sérgio Guerra
(PE) procurou o presidente do
PSDB do Maranhão, Sebastião
Madeira, para lembrá-lo de que
Alckmin não pode ficar sem palanque no Estado. Lá, o PSDB
pretende apoiar o PDT para o
governo. Mas, como a aliança
pode não prosperar caso o PDT
lance um nome à Presidência, a
pressão é para que o partido
não se oponha à candidatura de
Roseana Sarney (PFL).
Amanhã, Alckmin irá a Santa
Catarina, onde o destino do
PSDB está nas mãos do presidente do PFL, Jorge Bornhausen. Em Sergipe, o PSDB não
fará oposição ao governador
João Alves (PFL), como ameaçava. No Rio, o coordenador de
programa de governo de Alckmin, João Carlos Meirellles, almoçou ontem com Cesar Maia.
No encontro, o prefeito reivindicou que a agenda de viagem de Alckmin aos Estados
contemple atividades com o
PFL e com o PSDB. Hoje, é a
vez do vice, José Jorge (PE),
reiterar ao prefeito a disposição
de Alckmin "de oferecer-lhe espaço na campanha".
Mas ainda ontem o clima era
difícil. Em conversas com tucanos, Tasso disse que não se pode permitir que os pefelistas
critiquem o candidato diariamente. Tasso afirmou ainda
que agiu deliberadamente ao
atacar o líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ), para impor um "freio de arrumação".
O senador alegou que vinha
sendo há muito alvo de críticas
do prefeito e que não poderia
deixar sem resposta. Cesar
Maia, por sua vez, argumentou,
na conversa com Meirelles,
que, desde terça-feira, vinha
sendo atacado por Tasso e avisou que não se calaria enquanto
persistisse.
Para Cesar Maia, Tasso é um
"coronel de smoking". "Coronel com aspas, do sertão mesmo. Se não, ele pensa que é do
Exército e pode ficar vaidoso."
Segundo o prefeito, Tasso "olha
o Brasil com foco regional. Por
isso prioriza sua base local e
pessoal, e não a dimensão nacional". Cesar disse ainda que a
campanha não tem comando.
"Podemos opinar livremente."
Além das desavenças explícitas com Cesar Maia, há dificuldades no relacionamento de
Tasso com Bornhausen.
Na quarta-feira, Bornhausen
delegou a José Jorge a tarefa de
propor a criação de um conselho político afirmando que não
o faria pessoalmente porque
não estava disposto a brigar.
Na véspera, Bornhausen interrompeu uma conversa com
Tasso e passou o telefone para o
senador Marco Maciel, segundo relato pefelista. No telefonema, dizem pefelistas, Tasso defendia o adiamento do anúncio
de José Jorge como vice de
Alckmin, mas não teria explicado que o motivo da decisão estava na impossibilidade de Jarbas Vasconcelos participar.
Incomodado com a aliança
entre Tasso e o senador Antonio Carlos Magalhães, Bornhausen costuma reclamar do
temperamento do senador tucano. Tasso, por sua vez, já se
queixou de Bornhausen num
jantar com a cúpula do PSDB.
Ontem, Bornhausen apontou o conselho político como
palco para discussão de divergências e se recusou a comentar a atuação de Tasso. Segundo
ele, "o objetivo é derrotar Luiz
Inácio Lula da Silva".
Mandacaru
Alckmin, que passou o dia
tentando conter os atritos entre tucanos e pefelistas, afirmou que a crise é um "estresse
de campanha e é passageira".
O ex-governador também
comparou o momento de sua
campanha ao mandacaru -espécie de cacto nativo do Nordeste brasileiro-, que, segundo
ele, "cresce na adversidade".
"Estou otimista porque nossa pré-campanha é como o
mandacaru: ela cresce na adversidade, na dificuldade. Estou acostumado, faz parte."
Alckmin também fez questão
de elogiar os dois expoentes da
crise, Tasso e Cesar Maia. Sobre Tasso, disse que "ninguém
está tão empenhado na campanha quanto ele". E referiu-se ao
prefeito do Rio como "um bom
analista, especialmente em política urbana".
Colaborou SILVIO NAVARRO , da Sucursal de
Brasília
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