São Paulo, sexta-feira, 26 de maio de 2006

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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA

Alckmin atua para conter conflitos entre PFL e PSDB

Pré-candidato ligou para Tasso e Cesar Maia e disse que campanha cresce na dificuldade

Comando da campanha busca eliminar tensões entre tucanos e pefelistas no Maranhão, no Rio, em Santa Catarina e em Sergipe


CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, tem se dedicado pessoalmente à dissolução dos conflitos entre tucanos e pefelistas. Além dos telefonemas conciliadores nos últimos dias -para o prefeito Cesar Maia (PFL) e o presidente do PSDB, Tasso Jereissati (CE)-, o comando de campanha intensificou ontem a costura de acordos estaduais. Coordenador-geral da campanha, o senador Sérgio Guerra (PE) procurou o presidente do PSDB do Maranhão, Sebastião Madeira, para lembrá-lo de que Alckmin não pode ficar sem palanque no Estado. Lá, o PSDB pretende apoiar o PDT para o governo. Mas, como a aliança pode não prosperar caso o PDT lance um nome à Presidência, a pressão é para que o partido não se oponha à candidatura de Roseana Sarney (PFL). Amanhã, Alckmin irá a Santa Catarina, onde o destino do PSDB está nas mãos do presidente do PFL, Jorge Bornhausen. Em Sergipe, o PSDB não fará oposição ao governador João Alves (PFL), como ameaçava. No Rio, o coordenador de programa de governo de Alckmin, João Carlos Meirellles, almoçou ontem com Cesar Maia. No encontro, o prefeito reivindicou que a agenda de viagem de Alckmin aos Estados contemple atividades com o PFL e com o PSDB. Hoje, é a vez do vice, José Jorge (PE), reiterar ao prefeito a disposição de Alckmin "de oferecer-lhe espaço na campanha". Mas ainda ontem o clima era difícil. Em conversas com tucanos, Tasso disse que não se pode permitir que os pefelistas critiquem o candidato diariamente. Tasso afirmou ainda que agiu deliberadamente ao atacar o líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ), para impor um "freio de arrumação". O senador alegou que vinha sendo há muito alvo de críticas do prefeito e que não poderia deixar sem resposta. Cesar Maia, por sua vez, argumentou, na conversa com Meirelles, que, desde terça-feira, vinha sendo atacado por Tasso e avisou que não se calaria enquanto persistisse. Para Cesar Maia, Tasso é um "coronel de smoking". "Coronel com aspas, do sertão mesmo. Se não, ele pensa que é do Exército e pode ficar vaidoso." Segundo o prefeito, Tasso "olha o Brasil com foco regional. Por isso prioriza sua base local e pessoal, e não a dimensão nacional". Cesar disse ainda que a campanha não tem comando. "Podemos opinar livremente." Além das desavenças explícitas com Cesar Maia, há dificuldades no relacionamento de Tasso com Bornhausen. Na quarta-feira, Bornhausen delegou a José Jorge a tarefa de propor a criação de um conselho político afirmando que não o faria pessoalmente porque não estava disposto a brigar. Na véspera, Bornhausen interrompeu uma conversa com Tasso e passou o telefone para o senador Marco Maciel, segundo relato pefelista. No telefonema, dizem pefelistas, Tasso defendia o adiamento do anúncio de José Jorge como vice de Alckmin, mas não teria explicado que o motivo da decisão estava na impossibilidade de Jarbas Vasconcelos participar. Incomodado com a aliança entre Tasso e o senador Antonio Carlos Magalhães, Bornhausen costuma reclamar do temperamento do senador tucano. Tasso, por sua vez, já se queixou de Bornhausen num jantar com a cúpula do PSDB. Ontem, Bornhausen apontou o conselho político como palco para discussão de divergências e se recusou a comentar a atuação de Tasso. Segundo ele, "o objetivo é derrotar Luiz Inácio Lula da Silva".

Mandacaru
Alckmin, que passou o dia tentando conter os atritos entre tucanos e pefelistas, afirmou que a crise é um "estresse de campanha e é passageira". O ex-governador também comparou o momento de sua campanha ao mandacaru -espécie de cacto nativo do Nordeste brasileiro-, que, segundo ele, "cresce na adversidade". "Estou otimista porque nossa pré-campanha é como o mandacaru: ela cresce na adversidade, na dificuldade. Estou acostumado, faz parte." Alckmin também fez questão de elogiar os dois expoentes da crise, Tasso e Cesar Maia. Sobre Tasso, disse que "ninguém está tão empenhado na campanha quanto ele". E referiu-se ao prefeito do Rio como "um bom analista, especialmente em política urbana".


Colaborou SILVIO NAVARRO , da Sucursal de Brasília

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