São Paulo, sexta-feira, 26 de maio de 2006

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ESCÂNDALO DO MENSALÃO/HORA DAS CONCLUSÕES

STF negou pedidos de prisão no inquérito do mensalão

Joaquim Barbosa não atendeu solicitação de procurador, que poderia atingir Dirceu

Antonio Fernando de Souza sugeriu prisão de Valério e mulher; ministro temeu que Supremo sofresse com excesso de habeas corpus


SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa disse ontem que o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, pediu duas vezes neste ano a prisão de várias pessoas denunciadas no inquérito criminal do mensalão, mas que ele rejeitou a adoção dessa medida.
Ao ser indagado se os pedidos de prisão envolviam ex-ministro José Dirceu, Barbosa acenou afirmativamente com a cabeça, mas em seguida disse que não citaria nomes.
Antes, ele havia dito que o procurador-geral requerera a prisão de "várias pessoas", entre as quais o publicitário Marcos Valério de Souza, a mulher, Renilda Santiago, e sócios dele.
Segundo o ministro, Souza apresentou o primeiro conjunto de pedidos de prisão dias antes de oferecer a denúncia criminal contra 40 pessoas, em 30 de março. Depois, solicitou que Barbosa revisse a sua decisão.
Relator do inquérito do mensalão, Barbosa disse que rejeitou os pedidos porque a jurisprudência do STF só admite a prisão preventiva em situações excepcionais. "Os requisitos são muito específicos", afirmou, citando riscos de atrapalhar a investigação e de fuga.
Ele também apresentou uma razão prática, dizendo que inviabilizaria os trabalhos do STF. "Se decretasse a prisão de um grupo desses, imagine o inferno que viraria [o tribunal]. O plenário não faria outra coisa a não ser julgar habeas corpus."

Notificações
Barbosa afirmou que os oficiais de Justiça do STF até agora não conseguiram notificar 4 das 11 pessoas que constam na denúncia criminal como moradores de Brasília. Um deles é Dirceu, que retornou a São Paulo depois da cassação de seu mandato na Câmara.
A denúncia indicou o antigo endereço de Dirceu em Brasília. Barbosa poderá pedir a Souza que corrija essa informação. Ele disse que, se a dificuldade de encontrar alguns denunciados persistir, irá notificá-los por meio de edital. Antes, porém, poderá ordenar à Justiça paulista que localize Dirceu.
No ato da notificação, cada um recebe uma cópia de parte do inquérito para preparar a defesa e apresentá-la em 15 dias. Segundo o ministro, o STF receberá as primeiras defesas prévias nos próximos dias.


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