São Paulo, terça, 26 de maio de 1998

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Líder pefelista se declara vítima por ser "atarracado e nordestino'
Inocêncio diz que pretende abandonar vida pública

VANDECK SANTIAGO
da Agência Folha, em Recife

O líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE), disse ontem em Recife que vai abandonar a vida pública e que não se candidatará à reeleição.
O motivo, segundo ele, é o preconceito do qual seria vítima por parte de "setores da imprensa" do Sudeste.
Inocêncio disse que seria vítima de uma "uma campanha sórdida e preconceituosa" para evitar que ele fosse eleito presidente da Câmara -cargo para o qual tem o apoio do PFL.
"Eu, que sou líder do PFL, que já presidi a Câmara, que já assumi interinamente a Presidência da República, que sou deputado há 24 anos, não consigo mostrar à imprensa a lisura de minha vida. Então não vale a pena ser político", afirmou.
Ele fez o anúncio ontem, na Assembléia Legislativa de Pernambuco. "Eu sou discriminado porque sou moreno, atarracado, nordestino, de Serra Talhada (sertão pernambucano)." Afirmou que, em 24 anos de mandato, conseguiu mais de 10 mil obras para o Estado e mais de mil para Serra Talhada.
"A única coisa de que me acusam é da instalação de dois poços do Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas) em minhas propriedades. Eu paguei por esses dois poços. Tenho documento do Ministério Público Federal confirmando isso." Durante a seca de 93, o Dnocs instalou dois poços, a preços subsidiados, em terras do deputado, em Serra Talhada.
Após o assunto tornar-se público, Inocêncio pagou a diferença referente ao subsídio.



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