São Paulo, Quarta-feira, 26 de Maio de 1999
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Reportagem é "velha", afirma líder tucano

da Sucursal de Brasília

O líder do governo no Congresso, deputado Arthur Virgílio (PSDB-AM), atacou ontem a Folha pela publicação da reportagem revelando que o presidente Fernando Henrique Cardoso tomou partido de um consórcio no leilão do Sistema Telebrás.
Ao sair de encontro com FHC pela manhã, no Alvorada, Virgílio disse que a "matéria é velha", "maniqueísta", e o jornal exagerou no espaço. "É abaixo do que a Folha pode dar. É mais café requentado."
"Eu estou bastante preocupado com o rumo que a Folha tomou. Se portou como um jornal de oposição, o que diminui o conceito do jornal. Fico preocupado com isso."
Para ele, a Folha infringiu seu próprio "código de ética" ao negar o direito de defesa a FHC. "Não ouviu a outra parte. Usou uma frase velha, como a denúncia."
"Nossa estupefação é com o exagero da matéria, 13 ou 14 páginas. Francamente, como leitor da Folha, foi uma decepção", afirmou.
Arthur Virgílio disse que tem "o maior respeito pela Folha e nenhum medo" porque o jornal "não é tribunal de honradez."
"Eu fui de oposição. Em pleno regime militar, eu tive espaço para me defender. Na democracia, a Folha negou esse espaço para o presidente", completou.
O deputado afirmou que é à prova de quebra de sigilo. "O máximo que vão conseguir é um divórcio."
Mais tarde, em entrevista na Câmara, o deputado voltou a atacar a reportagem da Folha.
"A Folha tem um passado admirável, mas errou e errou muito feio. Primeiro porque não deu direito de defesa ao governo nas 13 páginas publicadas. Segundo porque deu espaço a arapongas, que é a mesma coisa que um delegado obter confissão usando tortura, arrancando unhas. E terceiro porque procurou agredir a autoridade do Presidente da República", disse.
Para ele, a Folha cometeu um erro semelhante ao publicar editorial propondo a centralização do câmbio, que Virgílio chamou de "tese tola". "Outro dia ela (Folha) errou na economia quando propôs a centralização do câmbio. Depois, não fala mais no assunto, age como se não tivesse feito o tal editorial. Agora errou de novo, na política."


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