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Defesa do presidente é articulada com rapidez
da Sucursal de Brasília
Os partidos aliados ao governo
no Congresso assumiram ontem a
defesa do presidente Fernando
Henrique Cardoso, numa reação
rápida e afinada à divulgação pela
Folha do conteúdo de conversas
grampeadas durante a privatização do Sistema Telebrás.
Líderes do PFL, do PMDB e do
PSDB se revezaram em discursos
de solidariedade a FHC. A ofensiva
tem como objetivo fazer com que o
assunto se esgote em poucos dias,
sem desdobramentos mais graves
para o governo.
Os dirigentes dos partidos governistas condenaram a proposta de
impeachment de FHC e criticaram
a oposição, a quem acusam de tentar desestabilizar o governo no
momento em que a economia está
se recuperando.
A reação só não foi uniforme no
que diz respeito ao comportamento dos personagens que conduziram a venda das companhias telefônicas. Alguns parlamentares da
base governista chegaram a assinar o requerimento de abertura de
CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para apurar irregularidades na privatização. Até o final do
dia, a oposição não divulgava
quantas e quais pessoas haviam assinado o requerimento.
Na avaliação do governo, a comissão tem poucas chances de ir
adiante. Os presidentes da Câmara
e do Senado, Michel Temer
(PMDB-SP) e Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), criticaram a
idéia. ACM chegou a afirmar que a
criação de uma CPI para investigar
as as privatizações "não terá êxito".
""Traque"
A reação governista foi comandada pelo próprio FHC. Seus interlocutores durante o dia demostraram irritação com o episódio. O
presidente se reuniu duas vezes
com o ministro das Comunicações
e articulador político do governo,
Pimenta da Veiga.
Nas primeiras horas da manhã,
FHC também conversou por telefone com ACM. Partiu dele uma
das defesas mais radicais no caso:
"Não há nada que incrimine o presidente", afirmou o senador. "O
que o presidente fez foi mostrar interesse em que houvesse concorrência no leilão", disse.
Para ACM, as conversas em torno da privatização da Telebrás
"são coisas do passado". Ele considerou o assunto "requentado".
Sobre as suspeitas de que o envolvimento de FHC poderia ser a
"bomba atômica" que a equipe
econômica teria usado na montagem dos consórcios que participaram do negócio (expressão citada
em conversas telefônicas anteriormente divulgadas entre autoridades envolvidas na privatização),
ACM respondeu: "Isso não é bomba atômica nenhuma. Isso é um
traque". Ele classificou de "idiota"
a proposta de abertura de processo
de impeachment contra FHC.
""Atestado de idoneidade"
Os argumentos e as palavras de
defesa dos governistas se repetiram durante o dia. Em resumo, os
líderes aliados ao Planalto insistem
em que não há nenhuma novidade
nas conversas publicadas pela Folha e sustentam que a política do
governo durante o processo de
privatização da Telebrás era obter
o preço mais alto no negócio.
O principal argumento na defesa
do presidente continua sendo o resultado do leilão realizado no ano
passado e a derrota do consórcio
formado pelo grupo Opportunity
na privatização das empresas reunidas na holding Tele Norte Leste.
Venceu o consórcio Telemar, que
não contava com a simpatia dos
comandantes do processo.
Segundo os principais líderes e
dirigentes dos partidos governistas, as conversas transcritas ontem
só demonstram a preocupação de
FHC com o sucesso do leilão.
""A republicação confirma e
aprofunda o atestado de idoneidade aos que conduziram o processo
de privatização do Sistema Telebrás, que buscavam e conseguiram
valorizar o patrimônio público e
garantir a qualidade dos serviços a
serem prestados à população",
afirma nota divulgada pela executiva nacional do PSDB, da qual faz
parte o ex-ministro Luiz Carlos
Mendonça de Barros.
Como a nota oficial do Palácio
do Planalto, a nota tucana também
classifica a divulgação das fitas de
""sensacionalista e irresponsável".
"O presidente não cometeu nenhuma irregularidade. Ele estava
apenas torcendo e colaborando
para o sucesso da privatização",
disse o novo líder do governo no
Senado e presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria),
senador Fernando Bezerra
(PMDB-RN).
Ele subiu à tribuna para dizer
que a honra do presidente ""está
preservada". O senador avaliou
que a divulgação das novas fitas
provoca "receio" no setor produtivo de desestabilização do país. "O
sentimento dos industriais brasileiros é de que isso venha a trazer
mais incertezas", afirmou.
""Incompetentes"
Num dos detalhes destoantes do
discurso governista, o presidente
do PMDB, senador Jader Barbalho
(PA), acusou os integrantes da
equipe que comandou a privatização do Sistema Telebrás de "envolverem" o presidente em conversas
sobre atos irregulares.
Barbalho chamou esses personagens de "incompetentes" por não
terem desqualificado previamente
o grupo que julgavam ""aventureiro" -o consórcio Telemar, que
acabou vitorioso.
""Acho que o presidente foi levado por essa gente a um gesto intuitivo (ao permitir o uso do seu nome para que a Previ participasse
do consórcio) pelo empenho em
ver o sucesso do leilão", disse.
""Eles levaram o presidente a acreditar que o setor de telefonia poderia cair nas mãos de um grupo incapaz de gerenciar o setor."
O presidente nacional do PMDB
disse que as conversas divulgadas
ontem mostram que FHC estava
"engajado" no sucesso do leilão.
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