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PERFIL
Militância política teve início aos 19 anos
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Dilma Vana Rousseff é filha de
uma família de classe média alta
de Belo Horizonte. Seu pai, falecido quando ela tinha 14 anos,
era advogado e construtor búlgaro naturalizado. Sua mãe,
uma professora de Friburgo
(RJ), criada em Uberaba (MG). É
"coruja" assumida, foi corajosa e
solidariamente ativa no período
em que a filha esteve na prisão.
A ministra do governo Lula
entrou na militância organizada
de esquerda nos idos de 1967, na
organização Política Operária
(Polop). Tinha 19 anos e era estudante universitária de economia.
Casou-se, em setembro daquele ano, com o também militante e jornalista Cláudio Galeno
Linhares. Os dois logo estariam
na dissidência que queria a luta
armada contra a ditadura. Era a
O...("O pontinho") para os militantes, ou OPM (Organização
Político-Militar) para a repressão.
Começou a correr riscos quando parte de seus companheiros
foi presa, na capital mineira, em
janeiro de 1969, depois que a polícia invadiu um aparelho clandestino, feriu militantes e teve a
baixa de dois policiais mortos.
Dilma e o marido não estavam
presentes, mas seus nomes foram ventilados em depoimentos
de presos obtidos sob tortura.
Com a cara a prêmio, e a ditadura na sua caça, o casal fugiu para
o Rio de Janeiro e entrou na
clandestinidade, radicalizando a
militância. A "O pontinho" já
era o Comando de Libertação
Nacional (Colina).
O Inquérito Policial Militar
desse primeiro processo a que
respondeu, revel, foi comandado, em Belo Horizonte, pelo coronel do Exército Octávio
Aguiar de Medeiros, então comandante do CPOR da 4ª Região Militar e mais tarde chefe
do SNI dos governos Figueiredo
e Geisel (interino).
No relatório do IPM, Medeiros
acusou Dilma, ou "Estela", um
de seus codinomes, de integrar
"a Organização clandestina e revolucionária de cunho marxista-leninista denominada OPM, cujos objetivos são a implantação
da guerrilha e da luta armada no
país, a derrubada do governo e a
implantação de regime socialista
de fundo marxista-leninista".
VAR-Palmares
Em junho de 1969, o Colina e a
Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) fundiram-se na
VAR-Palmares. Dilma estava na
reunião de fundação, realizada
clandestinamente em Mongaguá, no litoral de São Paulo. Três
meses depois, a nova organização rachou, em um encontro tumultuado realizado em Teresópolis (RJ).
A estrela mais vermelha da
reunião era o capitão Carlos Lamarca [assassinado em 1971],
que ali refundou a VPR, retirando-se da VAR com um grupo expressivo. Dilma ficou na VAR e
desempenhou um papel importante para evitar uma debandada maior. O dinheiro do cofre do
ex-governador Adhemar de
Barros e as armas "expropriadas" foram divididos entre as
duas organizações.
O casamento acabou no segundo semestre de 1969. Linhares exilou-se, no primeiro dia de
janeiro de 70, nas asas de um seqüestro de avião bem sucedido
que o levou a Cuba. Dilma não
participou do seqüestro, mesmo
tendo aprovado a sua execução,
porque tinha responsabilidades
internas e não foi designada para
a tarefa. Foi presa 15 dias depois.
Ela e Linhares são amigos até hoje. A ministra foi companheira
do advogado trabalhista Carlos
Franklin Paixão de Araújo, então dirigente da VAR, igualmente preso e torturado, mais tarde
deputado. Têm uma filha. Estão
separados, mas são amigos.
(LMC)
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