São Paulo, domingo, 26 de junho de 2005

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REGIME MILITAR

Diplomação dos perseguidos foi solicitada pelo próprio instituto

ITA diploma seis alunos expulsos

MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

Seis anistiados políticos expulsos do ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica) durante o regime militar (1964-1985) foram diplomados ontem de seus cursos. Pela primeira vez uma instituição pública de ensino do país reconhece os diplomas de ex-alunos que sofreram perseguição política.
Foram expulsos do ITA por razões políticas, em 1965, Antônio de Oliveira Farias, hoje com 64 anos, Ezequiel Pinto Dias, 63, Luiz Maria Guimarães Esmanhoto, 63, e Mário Tokoro, 63, e, em 1975, Osvair Vidal Trevisan, 63, e Sérgio Salazar, 56. "É como se tivesse tirado um peso da alma, uma forma de costurar o presente com o passado e eliminar lembranças ruins da época", disse Trevisan.
Trevisan e Salazar concluíram o curso de engenharia mecânica na Unicamp. Os dois foram os únicos que concluíram o curso após a expulsão do ITA. Outros 15 alunos desligados e dois professores demitidos, também por motivos políticos, foram anistiados em 19 de maio de 2004. A possibilidade de eles também serem diplomados está sendo examinada.
A certificação de anistia foi concedida em março deste ano pela Comissão de Anistia. "Como era um processo inédito, ninguém sabia direito como conduzi-lo", disse o reitor do ITA, Michal Gartenkraut. O requerimento com o pedido de anistia deles foi solicitado pelo próprio ITA -um fato inédito, já que essa solicitação geralmente é feita pelas pessoas prejudicadas. Para o reitor, a diplomação é o acontecimento mais importante dos últimos tempos na instituição: "É o reencontro com o nosso passado e com os verdadeiros valores da academia".


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