São Paulo, domingo, 26 de junho de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

AMAZÔNIA

Danilovich discorda da tese de internacionalização, mas afirma que o mundo quer ajudar o Brasil na defesa da área

Embaixador dos EUA quer defender região

KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTARÉM (PA)

O embaixador dos Estados Unidos no Brasil, John Danilovich, 54, afirmou que a Amazônia precisa ser protegida pelos brasileiros. Ele discorda da tese da internacionalização da região defendida por alguns grupos, segundo a qual a seria necessária a ação de outros países para proteger a floresta -rica em biodiversidade- ameaçada pela ausência do poder público e pela ação de madeireiros, fazendeiros e narcotraficantes. Mas admite que o mundo quer ajudar o Brasil nessa tarefa.
"Não é uma questão de internacionalização, mas de administração brasileira, controle brasileiro da Amazônia. Acho que é correto dizer que a Amazônia pertence aos brasileiros e sempre vai pertencer. Mas o mundo inteiro se preocupa com o que acontece com a Amazônia e quer ajudar os brasileiros nesse sentido. E não é só a Amazônia, mas também em relação a outras áreas naturais no mundo", afirmou o embaixador.
Entre os dias 20 e 24 deste mês, Danilovich fez sua primeira viagem pelo interior da Amazônia. Foi a Macapá, no Amapá, e a Belém e Santarém, no Pará. Em Santarém, percurso no qual a Folha acompanhou, participou da abertura do seminário nacional do PPG7 (Programa Piloto para Proteção das Florestas Tropicais do Brasil) com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. É um programa financiado pela Alemanha, União Européia, Reino Unido, EUA, Japão, França e Canadá.
A 60 km de Santarém, visitou um projeto de pesquisa da Nasa (Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço dos EUA), de cooperação científica internacional, que estuda as interações entre a floresta amazônica e as condições atmosféricas e climáticas.
Danilovich percorreu um trecho de barco pelo rio Tapajós e chegou a fazer mergulho. "Nunca tinha visto a Amazônia tão de perto, nunca tão perto. A Amazônia é um patrimônio fascinante dos brasileiros, é um presente da natureza para os brasileiros, é algo que precisa ser protegido pelos brasileiros", disse.

ONU
Ao ser questionado sobre o apoio ou não dos EUA para o ingresso do Brasil como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), Danilovich afirmou que a reforma do conselho é um detalhe diante das reformas necessárias da própria ONU. Os americanos já declararam apoio ao Japão, que também pleiteia uma vaga.
"O conselho de segurança não é a única reforma que interessa. O importante é ter na ONU uma organização que funciona de forma fluida, eficiente e eficaz para o benefício das relações internacionais: uma organização multilateral", afirmou.

Corrupção
Sobre a atual crise política enfrentada pelo governo Lula após as denúncias do "mensalão" a deputados federais, Danilovich afirmou que "a corrupção é sempre um obstáculo para o bom funcionamento de um governo".
"É claro que é uma preocupação e um crime grave se essas alegações de corrupção forem verdadeiras. Mas corrupção em qualquer lugar, nos EUA, no Brasil, é algo negativo que deve ser punido. O presidente Lula já se comprometeu publicamente e de forma inequívoca e com muito força, dizendo que o governo brasileiro se compromete a investigar e a punir."


Texto Anterior: Folha realiza debate sobre gastos sociais
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.