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CAMPO MINADO
Ouvidoria Agrária diz que promoverá "desarmamento geral" em 2005
Invasões de terra batem novo recorde e preocupam governo
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Dizendo-se "muitíssimo" preocupado com o acirramento da
tensão no campo, o governo divulgou ontem mais um recorde
de invasões de terra e anunciou
que fará "desarmamento geral"
no campo a partir de 2005.
A informação é do ouvidor
agrário nacional, Gercino José da
Silva Filho, que vê a "situação de
armamento no campo" como
principal causa dos conflitos.
"A situação preocupa muitíssimo o governo federal. Sabemos
que fazendeiros e sem-terra estão
armados. A partir de 2005, vamos
fazer um desarmamento geral."
As ações de desarmamento devem ter Pará, Mato Grosso, Rondônia, Bahia e Paraná como primeiros alvos. Antes, no fim deste
ano, deve ser lançado, por decreto
presidencial, o Plano Nacional de
Combate à Violência no Campo.
Na última segunda, em Camaçari (BA), confronto entre seguranças da fazenda Monte Cristo e
sem-terra deixou 60 feridos e 72
seguranças presos, soltos ontem.
O delegado Tadeu Caldas Viana
Braga, 41, cujos familiares são donos da área, disse ontem que usou
a "força indispensável" para tentar expulsar os cerca de 350 agricultores ligados ao MLT (Movimento de Luta pela Terra).
"Apenas exerci a lei civil do
"desforço incontinenti", pela qual
um proprietário de terras pode
defender sua área com o uso da
força", disse. Ao menos 200 sem-terra permaneciam no local, e 80
policiais ficaram do lado de fora.
Balanço
Ontem, a Ouvidoria Agrária
Nacional divulgou balanço de
conflitos fundiários. O número de
invasões entre janeiro e julho deste ano avançou em 59% em relação a 2003 (de 160 para 255 casos).
As 255 invasões nos sete primeiros meses deste ano superam o total registrado em todo o ano em
2000 (236), 2001 (158), 2002 (103)
e 2003 (222). O governo Lula bateu outro recorde: abril deste ano
teve 109 invasões -o maior já registrado num único mês pela ouvidoria, criada em 1999.
O número de mortes no campo,
porém, tende a fechar o ano de
2004 abaixo do registrado em
2003. Entre janeiro e julho deste
ano, a ouvidoria contabilizou seis
assassinatos. Em todo o ano de
2003, foram 42 mortes.
(EDUARDO SCOLESE)
Colaborou LUIZ FRANCISCO, da Agência Folha, em Salvador
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