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INVESTIGAÇÃO
Superintendência no AM vai abrir inquérito
Polícia Federal vai
apurar assassinato
ESTANISLAU MARIA
da Agência Folha, em Belém
A Superintendência da Polícia
Federal no Amazonas vai abrir
inquérito para investigar a morte
do funcionário da Funai Raimundo Batista Magalhães, 42, na
reserva Vale do Javari, oeste do
Amazonas, próximo à fronteira
com o Peru.
O funcionário foi morto a pauladas pelos índios corubos na última sexta-feira.
A informação foi dada ontem
pelo diretor do Departamento de
Índios Isolados da Funai, Sydney
Possuelo, 57, por telefone, de Tabatinga (AM).
Possuelo afirmou também que
fará "uma série de reformulações" no posto que, para evitar
ataques, funciona em dois barcos no meio do rio Ituí na área
indígena, a cerca de 140 quilômetros de Tabatinga (1.100 km a
oeste de Manaus).
"Precisamos de materiais e
homens adequados. Vamos
equipar o posto e fazer algumas
trocas no pessoal", disse Possuelo, evitando entrar em detalhes.
Na última sexta-feira, os corubos atacaram quatro funcionários da Funai que faziam um novo contato na margem do rio.
Magalhães foi morto com pancadas na cabeça. Os outros três
conseguiram escapar no barco.
Reação
Para a Funai, a causa do ataque
seria uma reação a brigas, disputas e conflitos acumulados nos
últimos anos.
"Esses índios vêm sendo assassinados, massacrados, explorados, roubados pelos brancos
há anos", disse Possuelo.
Na região, há ribeirinhos que
extraem madeira, caçam, invadem a área indígena. Segundo
Possuelo, "já ocorreram dezenas de mortes dos dois lados."
No posto trabalhavam dez funcionários. Apenas Magalhães e
mais dois eram efetivos. Os outros são contratados temporários. Três estão afastados, doentes de malária.
Magalhães era auxiliar de sertanista da Fundação Nacional do
Índio e trabalhava havia 17 anos
com índios isolados (com pouco
ou nenhum contato com o branco).
Os corubos não usam arco e
flecha, mas são agressivos e conhecidos como "caceteiros" por
atacarem com uma espécie de
porrete de madeira.
Outras mortes
Desde 1972, a Funai tentava
contato com eles. O primeiro foi
feito apenas no ano passado.
Nesses 25 anos, os índios mataram oito funcionários da fundação e um da Petrobrás.
Nos últimos dez meses, os corubos fizeram quase 30 contatos
com a Funai, sem incidentes.
"Não digo que eles fingiam estar pacificados, mas a violência é
uma reação esperada. Nenhum
funcionário portava uma espingarda na sexta-feira. Isso intimidaria", disse Possuelo.
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