São Paulo, Quinta-feira, 26 de Agosto de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PROTESTO
PT, PSB e PCB hesitavam em assinar texto produzido às pressas para substituir o manifesto da oposição
Impeachment ainda divide marcha

da Sucursal de Brasília


Apenas uma parcela dos organizadores da "Marcha dos 100 Mil" havia decidido assinar, até ontem à noite, manifesto que defende o impeachment do presidente Fernando Henrique Cardoso e que será distribuído durante o protesto, com as palavras de ordem: ""Basta de FHC e fora o FMI".
O PT, o PSB e o PCB hesitavam em assinar o texto produzido às pressas ontem à tarde para substituir o manifesto redigido pelos partidos políticos de oposição, cuja divulgação fora suspensa.
Os partidos que promovem a marcha planejavam divulgar hoje um manifesto contra o governo com o apoio mais amplo de personalidades e entidades da sociedade civil, como a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). Esse apoio não veio, e o manifesto foi adiado.
Até as 19h, o presidente do PT, deputado José Dirceu (SP), ainda não havia tomado conhecimento do texto. Assinam o documento a CUT (Central Única dos Trabalhadores), o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), a CMP (Central de Movimentos Populares) e a UNE (União Nacional dos Estudantes), além do PDT, do PC do B e do PSTU, esse último sem representação no Congresso.
O texto a que a Folha teve acesso antes de ser impresso defende o impeachment de FHC. ""O povo brasileiro exige a investigação de prática de crime de responsabilidade e, consequentemente, o impeachment de FHC."
Esse trecho aparece logo depois da menção ao abaixo-assinado que pede a imediata abertura de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) no Congresso para apurar supostas irregularidades na privatização da Telebrás.
O presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Vicente Paulo da Silva, disse ontem que é a favor do impeachment, mas apenas depois de investigadas as responsabilidades de FHC no suposto favorecimento durante a privatização da Telebrás.
Os signatários do documento defendem a suspensão imediata do programa de privatização do governo federal e a auditoria nos negócios já concluídos de venda de empresas estatais.
Entre as propostas de mudança na política econômica, o documento cita a revisão do acordo com o FMI, o ""cancelamento" do pagamento da dívida externa, a redução ""drástica" dos juros e a punição dos especuladores.
Segundo Raimundo Bonfim, dirigente da Central de Movimentos Populares e integrante do grupo que redigiu o documento, não houve divergências importantes sobre o conteúdo do documento.


Texto Anterior: "Tudo pode acontecer" se houver violência, diz ACM
Próximo Texto: "Quero ir para Brasília para desabafar", diz desempregado
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.