São Paulo, Domingo, 26 de Setembro de 1999
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Banco nega empréstimos no PR

JOSÉ MASCHIO
da Agência Folha, em Londrina

A dificuldade de acesso às linhas de financiamento do BNDES fez com que o grupo Felipe, de Apucarana, adiasse um ambicioso plano de expansão.
Segundo Felipe Alexandre Felipe Neto, 31, presidente do grupo, o BNDES foi procurado em 1997 para que analisasse uma linha de crédito para investimentos de R$ 40 milhões.
"A burocracia, aliada à falta de financiamentos a longo prazo, inviabilizou o acesso ao banco", disse Felipe Neto.
O grupo tem duas indústrias têxteis no município e emprega 390 funcionários. O faturamento previsto para este ano é de R$ 25 milhões.
Para o empresário, caso o governo federal tenha interesse em combater o desemprego, o setor têxtil deveria receber linhas especiais de crédito.
Felipe Neto disse que para cada R$ 20 mil investidos no setor é gerado um emprego direto. "O setor de confecções é grande empregador e não dá para entender a prioridade para as grandes montadoras," diz o empresário.
Antônio Carlos Macarrão Machado, 35, da MBrasil Bonés Promocionais, também de Apucarana (norte do Paraná), é outro empresário que não teve acesso a linhas de crédito do BNDES.
Há três anos, ele buscou recursos da ordem de R$ 80 mil para renovar o parque de máquinas de sua fábrica. "Fui brecado pela má vontade e pela burocracia oficial", reclama.
A negativa do BNDES fez Machado mudar sua estrutura operacional. De empregador de mão-de-obra passou a trabalhar terceirizado com outras indústrias.
Ele hoje fecha contratos com outras fábricas para industrializar seus produtos. A MBrasil produz, neste esquema, uma média de 60 mil peças por mês.
De 80 funcionários há três anos, a empresa trabalha hoje com apenas cinco, que atuam no controle de qualidade. Ele não informou o faturamento anual da empresa.
Machado afirma que R$ 1 milhão em investimentos poderiam gerar 200 empregos diretos em duas indústrias "prontas, com maquinário moderno, no setor de bonés".
Ele vai além, afirmando que com as células (facções e pequenas fábricas de insumos para a fabricação de bonés) em volta de cada indústria, "esse um milhão poderia representar 500 empregos, entre diretos e indiretos".
Apucarana é o principal pólo nacional no setor de fabricação de bonés e camisetas promocionais, com 210 empresas, incluindo formais e informais.
A produção do município é destinada ao mercado interno (regiões Sul e Sudeste) e externo (Estados Unidos, Europa e Japão).



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