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Novo laudo de Carajás não muda
tese da defesa, diz advogado de PMs
LUÍS INDRIUNAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
O novo laudo sobre o massacre
de Eldorado do Carajás não muda
as teses da defesa dos policiais militares, segundo seus advogados.
"É irrelevante saber quem atirou primeiro", disse o advogado
Américo Leal, que defende o coronel Mário Colares Pantoja, ex-comandante da tropa de Marabá.
O laudo, assinado por técnicos
do Laboratório de Fonética Forense e Processamento de Imagens da Unicamp (Universidade
de Campinas), conclui que os policiais atiraram primeiro.
Fumaça
Durante o julgamento dos três
principais comandantes das tropas, o jurado Sílvio Queiroz Mendonça questionou a versão do Ministério Público de que a PM havia atirado primeiro, mostrando
nas imagens uma fumaça saindo
do lado dos sem-terra.
Os técnicos conseguiram captar
uma fumaça do lado dos policiais
militares aparecendo antes do
primeiro tiro dos sem-terra.
O novo exame, feito com equipamentos que não existiam na
época, identifica também o corpo
do sem-terra Amâncio Rodrigues, caído do lado dos policiais
militares.
Para Leal, Rodrigues caiu do caminhão. Assim, a defesa vai insistir nas teses de negativa de autoria, legítima defesa e estrito cumprimento do dever.
Para os advogados dos policiais
militares, é impossível provar
quais dos 150 policiais militares
deram os 35 tiros que mataram os
19 sem-terra.
Em 17 de abril de 1996, 19 sem-terra foram mortos e 69 pessoas
ficaram feridas durante um confronto com policiais militares na
desobstrução da rodovia PA-150,
na curva do "S", em Eldorado do
Carajás (PA).
"Quem vai ter coragem de condenar 150 policiais, sendo que a
maioria é inocente?", disse o advogado Luiz Alberto Abdoral Lopes, que defende cinco oficiais e 19
sargentos e subtenentes envolvidos no caso.
Leal disse ainda que, se for preciso, vai solicitar novos exames ao
laboratório da Unicamp. "Mas
para mim, continua claro que eles
provocaram aquilo tudo."
Prova contundente
Para o Ministério Público, o laudo é uma "prova contundente" de
quem iniciou o massacre. "Ele
comprova o que já sabíamos:
Amâncio, que era surdo-mudo,
foi o primeiro a ser massacrado",
disse o promotor Marco Aurélio
do Nascimento.
O Ministério Público já decidiu
que irá arrolar como testemunha
o coordenador do laboratório da
Unicamp, Ricardo Molina, para o
próximo julgamento.
O processo está atualmente parado à espera do julgamento dos
recursos da defesa.
Nascimento pretende incluir
nos testemunhos o da sem-terra
Maria Abadia Barbosa, que aparece ao lado do corpo do sem-terra morto.
O promotor havia pedido a
identificação da sem-terra, que
testemunhou a morte de Rodrigues. Ela ficou com uma bala alojada na perna esquerda.
O laudo considerou que Maria
Abadia aparece nas imagens,"com alto grau de probabilidade".
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