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COLÔMBIA
Fiscalização da divisa é reforçada, com custo de R$ 10,4 milhões e a participação de 180 agentes federais
Operação Cobra, da PF, começa na fronteira
ELVIRA LOBATO
ENVIADA ESPECIAL A TABATINGA
Começa amanhã a megaoperação de fiscalização da fronteira do
Brasil com a Colômbia organizada pela Polícia Federal para tentar
impedir que o país sofra os efeitos
do plano de combate ao narcotráfico e à guerrilha do país vizinho.
A ação brasileira foi batizada de
Operação Cobra (em referência às
sílabas iniciais de Colômbia e Brasil), mobilizará 180 agentes da Polícia Federal de diversos Estados e
está prevista para durar três anos.
O custo da operação está estimado em R$ 10,4 milhões.
A Operação Cobra será lançada
oficialmente pelo ministro da Justiça, José Gregori, e pelo diretor-geral da Polícia Federal, Agílio
Monteiro Filho. Os dois chegam
amanhã, às 9h, a Tabatinga (na
fronteira com a Colômbia) e visitam a base de policiamento da PF
no rio Solimões (base Anzol) e
uma comunidade ribeirinha nas
proximidades da base.
O governo brasileiro resolveu se
antecipar na defesa de sua fronteira. A Polícia Federal acredita que
o Plano Colômbia só será deslanchado de fato no ano que vem, em
razão da eleição presidencial nos
Estados Unidos, que deve retardar a ajuda financeira norte-americana ao governo colombiano.
A principal preocupação do governo brasileiro ao reforçar o policiamento na fronteira é impedir
a imigração de lideranças do narcotráfico e da guerrilha colombianas para a Amazônia Brasileira.
O Plano Colômbia prevê a erradicação de 50 mil hectares de
plantio de coca na região do rio
Putumaio, onde cerca de 13 mil
famílias camponesas dependem
dessa atividade. Informações em
poder da Polícia Federal dão conta ainda de que pelo menos 8.000
guerrilheiros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), além de organizações
paramilitares, vivem naquela área
e também estariam envolvidos
com o narcotráfico.
Outra preocupação do governo,
já manifestada pelo Ministério da
Defesa, é com a possibilidade de
utilização de fungos para a destruição dos plantios de coca que
poderiam levar à contaminação
dos rios da Amazônia.
O delegado Mauro Spósito, chefe da Unidade de Projetos Especiais da Polícia Federal do Amazonas e coordenador da Operação
Cobra, diz que serão feitas coletas
diárias de amostras de água do rio
Içá (continuação do Putumaio
em território brasileiro) e do Solimões. As amostras serão analisadas pelo Instituto Nacional de
Pesquisas da Amazônia, em Manaus.
Há receio também de imigração
clandestina em massa de camponeses e de confrontos com a população indígena e com as pequenas comunidades ribeirinhas do
rio Içá.
A Polícia Federal guarda sigilo
sobre a logística da Operação Cobra, mas já se sabe que ela envolverá bases fixas de policiamento
em Tabatinga, Belém do Solimões, Ipiranga, Bitencourt, São
Gabriel da Cachoeira, Iuaretê e
Cucuí.
Em Tabatinga, funcionará um
grupo de gerenciamento de crise,
com representantes da FAB (Força Aérea Brasileira), Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Ministério das Relações Exteriores,
Exército, Marinha e Ministério da
Justiça.
Dois aviões, um helicóptero, 15
embarcações, seis motocicletas e
quatro caminhonetes constituem
a infra-estrutura de transporte
inicialmente planejada para a
operação.
Na Operação Cobra, segundo o
delegado Mauro Spósito, estão
previstas 20 tipos de tarefas, como
o controle do tráfego de produtos
químicos, do fluxo de estrangeiros, repressão do contrabando de
arma, identificação de pistas de
pouso clandestinas e até repressão do trabalho escravo.
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