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FOLCLORE POLÍTICO
Alkminianas
RONALDO COSTA COUTO
José Maria Alkmin (1901-74),
referência do folclore político
nacional, raposa ágil e manhosa
do pragmático PSD mineiro. Secretário estadual, deputado, ministro da Fazenda de JK, vice-presidente da República de Castello
Branco e, orgulho maior, provedor da Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte.
Do tempo em que os políticos
cuidavam principalmente de política, ele é quase sinônimo de
matreirice, sagacidade, astúcia.
Gentil, espirituoso, humor à primeira vista. Inteligência afiada,
de repentista. Como no conhecido
diálogo com o filho de velho eleitor. Alkmin: "Lembranças pro seu
pai!". "Meu pai já morreu, doutor
Alkmin". "Morreu pra você, filho
ingrato! Continua bem vivo no
meu coração."
É de uma geração de penhascos
políticos mineiros: o amigo de infância JK, Tancredo Neves, Milton Campos, Pedro Aleixo, Magalhães Pinto, Israel Pinheiro e outros. Poucos sabem que era primo
dos santos Henfil e Betinho e marido de uma prima de JK, a também santa Das Dores. Milagres de
Minas.
Honra ao mérito
Belo Horizonte, Praça da Liberdade, meados dos anos 50. Depois
de muito tempo sem vê-la, Alkmin dá de cara com Lia Salgado,
mulher do vice-governador Clóvis
Salgado. Derrete-se: "Há quanto
tempo, Lia! Como você está jovem, bonita!". "Que nada, doutor
Alkmin. Acabo de ser avó." "Sim,
mas avó por mérito, não por antiguidade."
Alto nível
Belo Horizonte, final dos anos
20. O jovem telegrafista José Maria Alkmin estuda advocacia.
Muito brilho, pouca sombra:
franzino, metro e 60 ou menos.
Certo dia, JK o apresenta a uma
garota linda, alta, fôrma e formas
perfeitas. Brota doida paixão. Dá
sutilmente em cima, ela fecha a
guarda. Insiste. Agrada, elogia,
presenteia, suspira, geme, carrega
água na peneira. Nada, a comprida não cede. Então escancara o
jogo, propõe namoro. Ela: "Vê se
te enxerga, Zé Maria! Cresça e
apareça!". Ele: "Crescer eu não
garanto, não."
Cobrança
Brasil, regime militar, final dos
anos 60. Radicais e simpatizantes
falam em constitucionalizar o peçonhento AI-5. Alkmin: "Nunca
vi passarinho engolir cobra".
RONALDO COSTA COUTO, 59, escritor,
doutor em história pela Sorbonne, escreve às quintas-feiras nesta coluna
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