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Dividido, PT discute apoio a Aldo
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ainda dono da maior bancada
da Câmara, o PT tem reunião
marcada para hoje de seus 88 deputados para tentar um apoio
unificado a favor da candidatura
de Aldo Rebelo (PC do B-SP) a
presidente da Casa.
Segundo a Folha apurou com as
várias correntes do partido do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por enquanto, a hipótese mais
realista é que Aldo consiga cerca
de 50 votos de petistas na eleição
de quarta-feira. Os outros 38 votos seriam pulverizados entre as
outras candidaturas anti-Lula.
A reunião da bancada petista está marcada para as 14h de hoje,
mas é improvável que comece no
horário, por falta de quórum. Deve ficar para o final da tarde.
O maior problema do líder da
bancada, Henrique Fontana (PT-RS), será convencer seus comandados sobre a estratégia do Palácio do Planalto: o partido teve de
abdicar de ter candidato próprio
(era o líder do governo, deputado
Arlindo Chinaglia, do PT paulista) a favor de Aldo Rebelo.
Chinaglia havia sido escolhido
pela bancada do PT na quarta-feira passada. No dia seguinte, 23
horas depois, sem que os petistas
fossem consultados, a candidatura foi sepultada para a entrada de
Aldo Rebelo na disputa -ironicamente, o mesmo político que
foi torpedeado por petistas quando ocupou o cargo de articulador
político do governo.
No fim de semana, um dos expoentes da chamada esquerda petista, o deputado Walter Pinheiro
(BA), deu uma prévia do que pode ser a reunião de hoje: "Fizeram
uma escolha sem consultar ninguém. A Câmara está se submetendo ao Senado, pois o nome
veio sugerido de lá. O Aldo é uma
boa pessoa, mas ele não ganha".
O PT tem muitas tendências
ideológicas, mas no caso da sucessão de Severino Cavalcanti a sigla
se dividiu em três grupos distintos. A saber:
1) Puristas - São cerca de 25 a 30
deputados. Acham que o partido
deveria ter um nome próprio na
disputa, mesmo que fosse para
perder. A idéia é mostrar que a
agremiação tem opções éticas para reconstruir sua imagem. Com a
escolha de Aldo Rebelo, os "puristas" saíram perdendo. Entre outros, estão nessa ala os seguintes
deputados: Antonio Carlos Biscaia (RJ), Dra. Clair (PR), Durval
Orlato (SP), Henrique Fontana
(RS), Iara Bernardi (SP) e José
Eduardo Cardozo (SP).
2) Pragmáticos - maioria, essa
banda tem perto de 40 deputados.
Sabem que o PT está estraçalhado. Consideram necessário refazer as pontes com o mundo político em geral. Acham essencial ter
algum aliado na presidência da
Câmara e compreendem a necessidade de que venha a ser alguém
de outro partido, mas não necessariamente Aldo Rebelo.
Nesse grupo, alguns (não todos)
achavam que Michel Temer
(PMDB-SP) poderia ser uma opção de candidato. Entre outros,
estão entre os "pragmáticos" os
seguintes petistas: João Paulo Cunha (SP), Jorge Boeira (SC), José
Dirceu (SP), José Mentor (SP),
Marco Maia (RS), Maurício
Rands (PE), Nilson Mourão (AC),
Professor Luizinho (SP) e Rubens
Otoni (GO).
3) Iludidos - são poucos, uns 15
a 20 petistas. Achavam que o governo apoiava a candidatura de
Arlindo Chinaglia. Além de Chinaglia, estão nesse grupo: Carlos
Abicalil (MT), Fátima Bezerra
(RN) e Iriny Lopes (ES).
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