São Paulo, segunda-feira, 26 de setembro de 2005

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Dividido, PT discute apoio a Aldo

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ainda dono da maior bancada da Câmara, o PT tem reunião marcada para hoje de seus 88 deputados para tentar um apoio unificado a favor da candidatura de Aldo Rebelo (PC do B-SP) a presidente da Casa.
Segundo a Folha apurou com as várias correntes do partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por enquanto, a hipótese mais realista é que Aldo consiga cerca de 50 votos de petistas na eleição de quarta-feira. Os outros 38 votos seriam pulverizados entre as outras candidaturas anti-Lula.
A reunião da bancada petista está marcada para as 14h de hoje, mas é improvável que comece no horário, por falta de quórum. Deve ficar para o final da tarde.
O maior problema do líder da bancada, Henrique Fontana (PT-RS), será convencer seus comandados sobre a estratégia do Palácio do Planalto: o partido teve de abdicar de ter candidato próprio (era o líder do governo, deputado Arlindo Chinaglia, do PT paulista) a favor de Aldo Rebelo.
Chinaglia havia sido escolhido pela bancada do PT na quarta-feira passada. No dia seguinte, 23 horas depois, sem que os petistas fossem consultados, a candidatura foi sepultada para a entrada de Aldo Rebelo na disputa -ironicamente, o mesmo político que foi torpedeado por petistas quando ocupou o cargo de articulador político do governo.
No fim de semana, um dos expoentes da chamada esquerda petista, o deputado Walter Pinheiro (BA), deu uma prévia do que pode ser a reunião de hoje: "Fizeram uma escolha sem consultar ninguém. A Câmara está se submetendo ao Senado, pois o nome veio sugerido de lá. O Aldo é uma boa pessoa, mas ele não ganha".
O PT tem muitas tendências ideológicas, mas no caso da sucessão de Severino Cavalcanti a sigla se dividiu em três grupos distintos. A saber:
1) Puristas - São cerca de 25 a 30 deputados. Acham que o partido deveria ter um nome próprio na disputa, mesmo que fosse para perder. A idéia é mostrar que a agremiação tem opções éticas para reconstruir sua imagem. Com a escolha de Aldo Rebelo, os "puristas" saíram perdendo. Entre outros, estão nessa ala os seguintes deputados: Antonio Carlos Biscaia (RJ), Dra. Clair (PR), Durval Orlato (SP), Henrique Fontana (RS), Iara Bernardi (SP) e José Eduardo Cardozo (SP).
2) Pragmáticos - maioria, essa banda tem perto de 40 deputados. Sabem que o PT está estraçalhado. Consideram necessário refazer as pontes com o mundo político em geral. Acham essencial ter algum aliado na presidência da Câmara e compreendem a necessidade de que venha a ser alguém de outro partido, mas não necessariamente Aldo Rebelo.
Nesse grupo, alguns (não todos) achavam que Michel Temer (PMDB-SP) poderia ser uma opção de candidato. Entre outros, estão entre os "pragmáticos" os seguintes petistas: João Paulo Cunha (SP), Jorge Boeira (SC), José Dirceu (SP), José Mentor (SP), Marco Maia (RS), Maurício Rands (PE), Nilson Mourão (AC), Professor Luizinho (SP) e Rubens Otoni (GO).
3) Iludidos - são poucos, uns 15 a 20 petistas. Achavam que o governo apoiava a candidatura de Arlindo Chinaglia. Além de Chinaglia, estão nesse grupo: Carlos Abicalil (MT), Fátima Bezerra (RN) e Iriny Lopes (ES).


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