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"É hora de valorização da Casa", avalia Nonô
DO PAINEL, EM BRASÍLIA
Conhecido por sua verve muitas vezes incendiária, José Thomaz Nonô (PFL-AL) adotou um
tom conciliador para tentar retirar de sua candidatura o carimbo
de meramente oposicionista. Crítico do governo, diz que, se eleito,
não entrará em confronto com o
Executivo. Nonô, que já tem o
apoio do PSDB e espera oficializar
também as adesões do PDT, do
PPS e do PV, espera angariar
apoios avulsos também na base.
Leia, a seguir, trechos da entrevista.
(VERA MAGALHÃES)
Folha - O que o move a querer
presidir a Câmara diante do desgaste da imagem da instituição?
José Thomaz Nonô - A absoluta
certeza de que posso presidir a
instituição de forma exitosa, numa campanha de resgate da imagem da classe política. Toda crise
é pedagógica. É chegada a hora de
tentarmos um caminho novo, de
valorização da Casa.
Folha - Em que perfil sua candidatura se encaixa?
Nonô - Sou um tocador de trabalhos, eficiente, que conhece o funcionamento da Casa. Presidi a segunda comissão da Assembléia
Constituinte e entreguei o relatório com 30 dias de antecedência.
Folha - A eleição de Severino fez
aflorar um grupo silencioso. Um
nome do baixo clero tem chance?
Nonô - Eu nem discuto essa alternativa porque evito usar a expressão baixo clero. É pejorativa.
E é preciso que fique claro que o
contexto de hoje é diferente. A vitória do Severino foi antes de tudo
uma derrota do PT.
Folha - Os candidatos têm pregado uma agenda de retomada dos
trabalhos, mas há outra, das punições aos acusados de se beneficiar
do "mensalão". Como o sr. vai dar
seqüência a isso?
Nonô - Por mais que a sociedade
reclame, com razão, a conclusão
desses processos, é inegável que
essa interminável avalanche de
falcatruas dá uma idéia de que a
Casa só cuida disso. A Casa deve
se debruçar sobre as investigações, mas isso não prejudica os
trabalhos normais.
Folha - Há algumas semanas, o sr.
foi mais assertivo, dizendo que a
sociedade não perdoaria se não
houvesse punições. O sr. se sente
melindrado por parte do eleitorado estar envolvida em denúncias?
Nonô - Não tenho melindre nenhum. Acho que temos de acelerar o processo de averiguação de
responsabilidades, garantindo a
ampla defesa dos acusados.
Folha - E em relação ao governo,
qual será sua atitude?
Nonô - Não será de embate. Se
for para o bem do país, não me
sentirei constrangido em afinar
procedimentos com o governo.
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