São Paulo, terça-feira, 26 de setembro de 2006

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Painel

Renata Lo Prete - painel@uol.com.br

Corda esticada

Em privado, ministros do Supremo manifestam preocupação com a escalada retórica de apoiadores de Lula. Nos últimos dias, vários passaram a sugerir a "ilegitimidade" de qualquer resultado que não seja a vitória do petista já no primeiro turno.
Ontem, o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B), voltou-se contra a "campanha dos adversários querendo levar a eleição para o segundo turno, independente da vontade do eleitor, porque acham que assim é melhor". Aldo arrematou: "melhor para quem, cara pálida?". Ministros temem que a radicalização lance desconfiança sobre o processo eleitoral e ajude a dividir a sociedade uma vez apurados os votos.

Pró-ativo. Embora Expedito Afonso Veloso tenha declarado à Polícia Federal não ter sido "a pessoa que montou o dossiê", os investigadores estão convencidos que o ex-diretor do Banco do Brasil não entrou na história apenas como divulgador do papelório.

Seleção. Em seu depoimento à PF, o churrasqueiro Jorge Lorenzetti afirmou ter escolhido Gedimar Passos para trabalhar no setor de arapongagem da campanha de Lula "através de consulta feita ao Recursos Humanos do PT".

Tudo pelo social. Sobre os repasses milionários do governo federal à sua ONG Unitrabalho, Lorenzetti disse à PF que eles se devem ao "maior empenho social" da administração Lula.

Desmemoriado. Oswaldo Bargas, outro homem do dossiê, declarou ter recebido de Lorenzetti a missão de encontrar um repórter "de confiança" para dar curso à denúncia. Bargas perguntou a Ricardo Berzoini "se ele conhecia algum". O presidente do PT disse "que não se lembrava".

Piada pronta. Ganhou o apelido de "Lei Lorenzetti" o decreto assinado por Lula reduzindo o IPI de chuveiros, entre outros materiais de acabamento da construção civil.

Maldição. Ibsen Pinheiro, José Dirceu, José Genoino, Benito Gama. Dos principais algozes de Collor no Congresso em 1992, somente um ainda não havia caído em desgraça: Aloizio Mercadante.

Na cabeça. Em nova rodada da pesquisa Ibope sobre a eleição para deputado federal, Paulo Maluf (PP) recebeu, de longe, o maior número de declarações espontâneas de voto em São Paulo. Em segundo lugar ficou Clodovil (PTC).

Pernambuco. Pesquisa do instituto Campus encomendada por Eduardo Campos (PSB) o aponta com 30% das intenções de voto na disputa pelo governo estadual, 15 pontos à frente de Humberto Costa (PT). Mendonça Filho (PFL) lidera com 39%.

Paraná. Segundo turno à vista: o GPP dá a Roberto Requião (PMDB) 47,5% dos votos válidos, contra 52,5% da soma dos adversários. Alckmin tem 45,4% no Estado, contra 33,2% de Lula.

Voto na mesa. O restaurante Piantella, tradicional reduto de políticos em Brasília, terá telão e dez computadores conectados ao TSE para quem quiser acompanhar a apuração domingo na capital.

Lançamento. O advogado Ives Gandra da Silva Martins lança hoje no auditório da Lex Editora, em São Paulo, o livro "O Estado de Direito e o Direito do Estado".

Visitas à Folha. Fábio Konder Comparato, professor titular da Faculdade de Direito da USP e presidente da Comissão de Defesa da República e da Democracia da OAB, visitou ontem a Folha, onde foi recebido em almoço.

Luiz Paulo Barreto, secretário-executivo do Ministério da Justiça, visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de Sérgio Torres Santos, assessor, e de Luciana Vieira de Sousa, assessora de imprensa.

Tiroteio

"Jesus Cristo foi traído por um apóstolo, e já sabia que seria. Lula se diz traído por todos e sustenta nunca saber de nada."
Do deputado RICARDO BARROS (PP-PR), sobre o fato de o presidente Lula ter se comparado a Jesus Cristo, no domingo, em Sorocaba.

Contraponto

Conjunto vazio

O escândalo do dossiê encomendado pelo PT para incriminar José Serra virou assunto no dia-a-dia da campanha até para aqueles que deixaram a sigla na esteira do mensalão. Dias atrás, pedindo votos no centro do Rio de Janeiro, o deputado Chico Alencar (PSOL) foi abordado por uma dezena de pessoas com perguntas sobre o caso.
Cansado de relatar seus parcos contatos com os personagens do noticiário, recorreu a uma resposta-padrão:
-De Freud, conheço pouca coisa, tanto quanto de Lacan e Jung. Lorezentti, só o chuveiro. E André, de cerca de 40 anos, petista, aqui do Rio, lembro-me de oito ou dez, e não dá pra imaginar nenhum com tanto dinheiro.


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