São Paulo, sexta-feira, 26 de outubro de 2001

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SUCESSÃO NO ESCURO

Governador avalia que sua candidatura passou no teste em São Paulo e que ministro terá de "correr atrás"

Tasso diz que obrigou Serra a "sair da toca"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governador e presidenciável Tasso Jereissati (PSDB-CE) comunicou ao presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG), que "passou no teste" de São Paulo e de agora em diante está em campanha pelo país para disputar a legenda do PSDB na sucessão presidencial de 2002. Tasso disse a Aécio que São Paulo seria decisivo para avaliar suas chances. Era avançar ou recuar, e ele decidiu avançar porque ficou "animado" com as manifestações de estímulo dos tucanos paulistas.
Os próximos passos vão ser um encontro com empresários ligados à Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro) e uma viagem política a Minas Gerais.
Na avaliação de Tasso, o lançamento do seu nome e o apoio da família Covas em São Paulo, na última segunda-feira, tiveram um efeito positivo para o partido: obrigou o ministro da Saúde, José Serra (SP), seu principal adversário no PSDB, "a sair da toca e correr atrás", inclusive intensificando contatos nas bases tucanas.
Depois da festa preparada pela família Covas, no Instituto de Engenharia, Serra já fez discurso de candidato num seminário sobre a Alca no Congresso e anunciou até uma espécie de lema de campanha: o da "responsabilidade cambial". Ainda segundo Tasso, isso significa que o candidato tucano não vai sair "da carta da manga" do presidente Fernando Henrique Cardoso nem pode se considerar "previamente ungido". Ou seja: vai ter que trabalhar as bases.

No jogo
Para Aécio, os movimentos dos dois presidenciáveis têm sido "muito positivos" para o PSDB, porque ambos decidiram investir em contatos e discussões com parlamentares e governadores tucanos e fizeram um pacto: se der Serra, Tasso apoiará; caso contrário, Serra apoiará Tasso.
"Tasso entrou no jogo e não entrou brincando. Entrou para valer e está avançando", disse Aécio ontem. Contou também que Renata, mulher de Tasso, participou do jantar dos dois, na residência oficial da presidência da Câmara.
Além de São Paulo e Rio, uma das prioridades de Tasso é Minas Gerais, onde Aécio é o único dos três líderes tucanos identificados com a candidatura Serra.
Os outros dois, o ministro Pimenta da Veiga (Comunicações) e o ex-governador Eduardo Azeredo, são sempre apontados como favoráveis a Tasso.
Ontem, Aécio fez questão de dizer que está neutro na disputa interna do partido: "Vejo pelos jornais que estou deste ou daquele lado, mas não estou na lista de ninguém, nem do Serra nem do Tasso. Estou na lista do PSDB".
Ele disse que "a unidade do partido vai ser construída a partir da candidatura que se viabilizar, até março ou abril de 2002". Nesse tempo, os tucanos pretendem avaliar as chances de Serra, Tasso ou, eventualmente, outro nome, para então lançar o candidato na rua. (ELIANE CANTANHÊDE)


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