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Presidente da CPI confirma que foi
a churrascos na casa de deputado
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
Presidente da CPI da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro
que investigou a Loterj, o deputado Alessandro Calazans (PV) afirmou ontem que em duas ocasiões
foi a churrascos e dormiu na casa
do deputado federal André Luiz
(PMDB-RJ) em Brasília.
Gravações de conversas com o
empresário de jogos Carlos Augusto Ramos, o Cachoeira, mostrariam André Luiz pedindo R$ 4
milhões para que a CPI o livrasse
do pedido de prisão. A suposta
tentativa de extorsão foi revelada
pela revista "Veja".
Calazans disse que tomará medidas na "área judicial" contra o
deputado. Segundo ele, o convite
para os churrascos partiu de André Luiz, com que conviveu de
1999 a 2002, quando exerceram
mandatos na Assembléia.
"Eu já tinha um compromisso
em Brasília. Lá, toda semana tem
churrasco na casa dele. Ele convidou, já que eu estaria em Brasília.
Você vai para Brasília resolver
uma situação. Tem um churrasco
na casa de um ex-companheiro de
Assembléia Legislativa, ele te convida, você vai", afirmou Calazans,
definindo como "infeliz" sua estada na casa de André Luiz.
Segundo Calazans, as visitas ao
deputado ocorreram após a abertura da CPI, em março. Ele disse
não se lembrar das datas e que
concluiu que André Luiz tentou
se valer do nome dele "para obter
recursos de forma irregular".
Calazans disse que André Luiz
não interferiu na CPI. "Nunca
tentou falar nada, nunca tentou
trazer recado de ninguém. A gente foi pego de surpresa em relação
a tudo isso", disse, acrescentando
não se lembrar de ter sido apresentado por André Luiz a representantes de Cachoeira, pois,
"num churrasco com 40 pessoas
na casa de alguém, todo mundo é
apresentado a todo mundo".
O relatório da CPI será votado
hoje em sessão convocada no sábado pelo presidente da Assembléia, Jorge Picciani (PMDB). O
documento pede a prisão de Cachoeira e do ex-assessor da Casa
Civil Waldomiro Diniz.
A Loterj (Loteria do Estado do
Rio de Janeiro) foi presidida por
Waldomiro de fevereiro de 2001 a
dezembro de 2002. A CPI foi aberta após a divulgação de vídeo de
2002 em que Waldomiro pede a
Cachoeira propina e doação a
campanhas. Waldomiro foi afastado do governo após o caso.
De autoria dos deputados Luiz
Paulo Corrêa da Rocha (PSDB) e
Paulo Mello (PMDB), o relatório
da CPI pede ao Ministério Público
o indiciamento de Waldomiro,
acusado de formação de quadrilha, corrupção passiva, prevaricação, condescendência criminosa,
sonegação fiscal, improbidade
administrativa e fraudes contra a
Lei de Licitações. A CPI concluiu
que Cachoeira praticou formação
de quadrilha, extorsão, corrupção
ativa e fraudes à Lei de Licitações.
Mais oito pessoas são acusadas
pela CPI de terem cometido supostos crimes na autarquia.
Em reunião ontem entre Picciani, líderes das bancadas e membros da CPI, foi firmada uma espécie de pacto de solidariedade
em torno de Calazans. Picciani falou que o contato de André Luiz
com Cachoeira é assunto "de bandido para bandido". Membro da
CPI e presidente do PT no Rio, o
deputado Gilberto Palmares definiu Calazans como "cordial", que
não se envolveria com corrupção.
Segundo as gravações, a garantia de Cachoeira de que não teria a
prisão pedida, era ser ouvido em
Goiânia, listar perguntas e indicar
duas testemunhas.
Membros da CPI disseram que
Cachoeira foi ouvido em Goiânia
porque, como testemunha, poderia escolher o local, conforme o
Código de Processo Penal. Sobre
as perguntas, disseram que, quando souberem o teor, irão compará-las à ata do depoimento para
saber qual deputado as fez.
O ex-governador Anthony Garotinho, presidente regional do
PMDB, disse que André Luiz terá
que comparecer à Comissão de
Ética do partido.
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