São Paulo, quinta-feira, 26 de outubro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA

PSDB se divide sobre negociação com Lula

FHC é entrave à aproximação com PT desejada por Aécio e, em grau menor, por Serra; Alckmin pode ser o fiel da balança

Para se manter como opção eleitoral, Alckmin deve reivindicar presidência da legenda e pode até disputar Prefeitura de SP em 2008


Raimundo Pacco - 23.out.2006/ Folha Imagem
Fernando Henrique Cardoso fala em evento de apoio a Alckmin


JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL

Caso o presidente Lula seja reeleito domingo, como indicam as pesquisas eleitorais, o PSDB iniciará um processo de discussões internas na tentativa de conciliar as diferenças entre os projetos de seus principais líderes: Fernando Henrique Cardoso, José Serra, Geraldo Alckmin e Aécio Neves.
FHC é hoje o principal entrave para a tentativa de aproximação do PT com os tucanos, como pretendem os petistas, o que interessaria a Aécio, reeleito em Minas Gerais e, em parte, a Serra, eleito em São Paulo.
Alckmin, que ainda luta por uma virada na eleição, poderá ser o "fiel da balança", mas, para apoiar um lado ou outro, exigirá comandar o partido e manter-se como alternativa eleitoral para as disputas futuras.
Em reunião recente com seu grupo político, FHC reclamou de ter sido o principal alvo da campanha de Lula até agora. Segundo ele, os tucanos são pouco enfáticos na defesa de seu legado na Presidência, o que teria sido um grande erro do partido, já que, na visão do ex-presidente, sua gestão na Planalto (1995-2002) ainda é o principal patrimônio do PSDB.
Por conta de diferenças que ele considera "inconciliáveis", FHC estaria disposto a jogar o partido na oposição frontal a Lula como a única forma de melhorar a imagem de seu governo e ressaltar historicamente suas diferenças para Lula.

Disputa interna
Se perder a eleição domingo, Alckmin deverá repetir a estratégia usada por José Serra após a derrota em 2002 para Lula. Alckmin tem sido aconselhado por seu grupo a pleitear a presidência do PSDB e a manter seu nome como postulante à Prefeitura de São Paulo em 2008.
Nesse cenário, caso seja aclamado pelo partido, Alckmin aceitaria concorrer à prefeitura, desde que tenha o apoio de Serra. Com isso, o presidenciável continuaria como um nome forte para o governo do Estado em 2010 ou até mesmo para a disputa pelo Planalto.
Reservadamente, o grupo de Alckmin aguarda a votação do presidenciável neste segundo turno em Minas para voltar a negociar com Aécio, que aposta no apoio do paulista para comandar a bancada tucana na Câmara a partir de fevereiro.
Se Alckmin novamente perder por uma ampla diferença para Lula, a tendência do grupo será apoiar um nome de Serra ou lançar candidato próprio à liderança. Nesse cenário, a tese da "concertação", da qual o mineiro seria um dos entusiastas perde força, o que fortaleceria Serra e Fernando Henrique.
Serra, de sua parte, tem conversado com os petistas, mas, reservadamente, tem afirmado que não haverá "trégua", apenas "entendimento" sobre questões que interessam a São Paulo e ao governo federal. A estratégia do tucano é manter o principal Estado da União como "contraponto" ao PT.

Fatores externos
Pelo menos dois cenários devem influenciar na maneira como irá se comportar o partido daqui pra frente. Para o PFL, aliado preferencial dos tucanos, a reeleição do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, que assumiu o cargo após a renúncia de Serra, passou a ser principal chance de sobrevivência do partido como uma legenda forte (nestas eleições, o partido só conseguiu fazer um governador), o que atrapalharia, por exemplo, uma aliança com os tucanos caso Alckmin seja o candidato do PSDB em 2008.
O outro fator é o desfecho da investigação conduzida pela PF no caso do dossiê contra políticos tucanos. Se for comprovado o envolvimento de petistas, dificilmente o partido poderá dialogar com o Planalto.


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