|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Senado abre sindicância sobre o servidor que acusou Renan
Marcos Santi sustenta que presidente usou cargo para interferir em processos
Decisão de Efraim Morais atende a um ofício deixado
pelo peemedebista antes da licença; aliado de Renan diz
que medida foi protocolar
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A pedido do senador Renan
Calheiros (PMDB-AL), o primeiro-secretário do Senado,
Efraim Morais (DEM-PB), determinou a abertura de uma
sindicância para investigar o
consultor legislativo Marcos
Santi, autor das denúncias de
que o peemedebista usava o
cargo de presidente da Casa para interferir nos processos de
quebra do decoro.
A decisão de Efraim, publicada ontem no "Boletim Administrativo de Pessoal" do Senado, atende a um ofício deixado
por Renan em 10 de outubro,
véspera do anúncio de sua licença. O ofício foi protocolado
sob a rubrica "33/2007-PRESID", e leva uma tarja vermelha
recomendando "urgência".
No texto, ele requer "adoção
de providências" e sugere a
abertura da sindicância. Ontem, Efraim, aliado de Renan,
atendeu ao pedido e designou
três funcionários da Casa
-dois consultores e uma advogada- para redigir um parecer,
em 30 dias, sobre "a veracidade
das afirmações veiculadas na
imprensa pelo servidor".
Funcionário de carreira do
Senado, Santi ocupou até o final de agosto o cargo de secretário-adjunto da Mesa, subordinado a Cláudia Lyra. Ele pediu demissão afirmando que
Renan "encomendava" os pareceres que balizavam decisões
técnicas do Conselho de Ética.
Em 29 de agosto, logo após
entregar o cargo, Santi depôs à
Corregedoria do Senado, quando afirmou: "Nós servidores estávamos sendo induzidos [por
Renan] a raciocinar, fazer coisas ou se omitir sobre coisas
que não eram corretas".
A própria Cláudia Lyra, indicada de Renan, foi acusada de
reter um depoimento sigiloso
do senador ao conselho.
Um dos processos contra Renan trata justamente de abuso
da prerrogativa do cargo em benefício próprio. O caso mais
emblemático é a denúncia de
que ele usou um assessor para
tentar espionar Demóstenes
Torres (DEM-GO) e Marconi
Perillo (PSDB-GO). Também
foi acusado de chantagear senadores nos bastidores.
Santi foi notificado e, enquanto aguarda ser chamado
para depor no conselho, não
quer conceder entrevistas. Renato Casagrande (PSB-ES)
apresentou requerimento para
que ele seja ouvido. "É muito
estranho esse pedido de sindicância, é mais um exemplo de
que Renan usava o cargo para
se beneficiar", disse Casagrande. "[Santi] tem de ser ouvido."
Reservadamente, senadores
disseram que a sindicância visa
tentar intimidar o servidor para que não complique mais sua
situação quando estiver depondo ao conselho. Santi estaria
disposto a revelar exemplos da
interferência de Renan.
Efraim disse que sua medida
foi protocolar. Renan pediu
afastamento da presidência por
45 dias, até 26 de novembro.
Em seguida, ele também se licenciou do mandato por 10 dias
alegando motivos de saúde.
(SILVIO NAVARRO)
Texto Anterior: Mídia: Decreto que cria a TV pública é publicado no "Diário Oficial" Próximo Texto: Foco: Senado decide restringir a entrada de turistas após protestos contra Renan Índice
|