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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/RUMO A 2006
Governador diz que fazer campanha falando mal dos outros não é o melhor caminho e que PSDB definirá candidato no início do ano
Alckmin diz que poupará Lula na eleição
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse ontem no Rio que poupará o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e
seu governo de ataques caso seja o
escolhido do partido para disputar a eleição presidencial.
Em entrevista após participar
de almoço na Associação Comercial do Rio de Janeiro, Alckmin
afirmou que ainda não é candidato à sucessão, mas que, se fizer
campanha, falará ao eleitor sobre
o futuro, não sobre o passado.
"Falar mal dos outros não quer
dizer que a gente seja melhor. Não
é esse o caminho. Claro que quem
é oposição tem o dever de fiscalizar, de se indignar diante do que
está errado, tem o dever de apontar caminhos. Mas eu, se for candidato a presidente da República,
não vou fazer campanha falando
mal nem do Lula nem do PT nem
do governo", disse o governador.
Embora não tenha assumido
que gostaria de ser o indicado pelo PSDB para a disputa presidencial, Alckmin agiu o tempo inteiro
como pré-candidato.
Aos cerca de 400 empresários e
políticos presentes ao evento promovido pela Associação Comercial, o governador falou sobre o
que imagina ser preciso fazer para
melhorar a economia do país e
abordou temas que preocupam a
sociedade, como a violência.
Depois, ele deu entrevista e seguiu para a rádio Tupi AM, uma
das mais ouvidas do Rio. Ir a um
programa radiofônico de uma
emissora de perfil popular como a
Tupi faz parte da estratégia de
Alckmin de se tornar mais conhecido na região metropolitana fluminense. O governador disse na
entrevista que, na campanha, pretende não dar tanta importância
ao passado.
Futuro
"Eu vou apontar o futuro. Quais
são as dificuldades e aquilo que
enxergo de forma realista e com
sonhos. Sonhos e capacidade de
ação para superá-las", afirmou.
Assuntos relacionados ao governo Lula serão abordados na
campanha, mas não de forma
prioritária.
"Não vejo problema de você
apontar possíveis erros. [Mas] você não faz uma campanha baseado nisso. Posso mostrar equívocos, não tem problema. [Mas] não
pretendo fazer como questão central, focado nem no presidente
nem no governo dele. Mas focado
no futuro", disse.
O governador declarou que tem
estudado os problemas brasileiros e acha que há chances de o
país dar um "salto de qualidade".
"É importante você se preparar.
Eu estudo com enorme afinco as
questões do Brasil. [O compositor] Tom Jobim [1927-1994] dizia:
"O Brasil não é país para amadores". (...) Política é arte e ciência do
encontro do bem comum. Arte é
dom, precisa gostar, gostar de
gente. Ciência é dedicação. As
questões são complexas, não tem
mágica. Mas há possibilidade de
darmos um grande salto."
Como tem feito regularmente,
Alckmin voltou a fugir de respostas objetivas quando questionado
se pensa em concorrer à Presidência. Repetiu que o PSDB tem
"bons nomes", citando aqueles
que são apontados como seus
principais adversários na disputa
interna, o prefeito de São Paulo,
José Serra, e o governador de Minas Gerais, Aécio Neves. "É bom
você ter várias opções. O partido
refletir, ouvir a sociedade", disse.
Caso seja ele o escolhido, e se ganhar a eleição, Alckmin reafirmou que se sentirá "muito honrado" por ter a oportunidade de
"servir ao Brasil". Ele disse que no
início de janeiro o partido deverá
escolher seu candidato.
"Não há razão para decidir isso
agora. Portanto, agora é ouvir, expor idéias, debater. Definição de
candidatura é no início do ano
que vem. Mas eu vou ficar muito
honrado se eu puder servir ao
Brasil, trabalhar pelo nosso país.
Acredito no nosso Brasil. Acho
que o país está maduro", afirmou
o governador paulista, para quem
"política é destino".
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